Caçadores de obras-primas. (The Monuments Men). (Ação/biografia/drama). Elenco: George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, Cate Blanchett, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville, Bob Balaban, Dimitri Leonidas. Diretor: George Clooney. USA/Alemanha, 2014. 118 Min.
O filme Caçadores de obras-primas é uma adaptação literária do livro Caçadores de obras-primas – salvando a arte ocidental da pilhagem nazista (Rocco) de Robert Morse Edsel e Brett Witter. Edsel é um escritor americano de livros de não-ficção, sua seara é a pesquisa documental, e também presidente da Monuments Men: fundations for the presevation of art.
O filme conta a história real de George L. Stout (George Clooney /Frank Stokes), James Rorimer (Matt Damon/James Granger), Robert Posey (Bill Murray/Richard Campbell), Walter Hancock (John Goodman/ Walter Garfield), Lincoln Kirstein (Bob Balaban/Preston Savitz), Jacques Jaujard (Jean Dujardin/Jean Claude Clermont), Ronald Balfourd (Hugh Bonneville/Donald Jeffries), Harry Ettlinger (Dimitri Leônidas/Sam Epstein) e Rose Valand (Cate Blanchett/Claire Simon). (Confira aqui!) Todos com especialidades e atividades ligadas as artes. Curador do Metropolitan Museun (Rorimer); historiador de Cambridge (Balfour), escultor famoso (Hancock); diretor do Museu Nacional da França (Jaujard); Arquiteto (Posey); e empresário cultural e patrono de artes (Kirstein). A média de idade era de quarenta anos, o que para a época, com a pouca tecnologia da medicina, era considerado ancião. Esse grupo sob o comando de Stout (George Clooney/Frank Stokes) e sob a batuta, do então presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt, empreendeu uma missão de retirada das obras de artes da linha de mira de Adolph Hitler e dos bombardeios da segunda guerra mundial. Tratava-se da segunda camada da guerra, evitar que se apagasse o rastro da história da humanidade, e tudo o que o ser humano houvera produzido de sublime, no mundo europeu, até então: O retábulo, a madona de michelangelo e o menino de brudges, pinturas e esculturas criados pelos artistas mais geniais que a humanidade já teve o privilégio de receber como viajante.
O acervo apresentado, com sua magnitude e sublimidade, nos remete aos desfiles de obras de arte de A Grande Belleza (Paolo Sorrentino, 2013). O primor da obra cinematográfica de Geoge Clooney está nas reálias produzidas para representar as obras originais, e na metaforização, do resgate das obras de arte, como uma ação quixotesca, através da capela de “Have yourself a merry little christmas” na voz de Nora Sagal. Numa lírica alusão a loucura de alguém deixar sua família e carreira para uma aventura perigosa no meio de uma guerra mundial, num lugar em que todos os direitos estão suspensos num real estado de exceção, para salvar artefatos materiais que tenham significação histórica e remetências emocionais, religiosas e existenciais. Este foi um dos momentos tocantes do filme, o contraste do silêncio da uma capela num território de bombardeio. De leveza num lugar de rispidez, um toque angelical num nicho de violência.
A ode à missão, aos EUA e a coragem, possivelmente, não seja só para deixar registrado um lado pouco conhecido da história, Mas, personificar a nobreza de alma de um momento. E ainda, alertar que em circunstâncias similares ai nda se faz o mesmo. Que isso não é desperdício de recursos, de tempo ou de vida, mas uma obrigação em relação à resguardar a história. Um bom exemplo é o que acontece hoje, na Síria. A mesma instituição realizando o mesmo trabalho e poucos tomam conhecimento. (Dê uma olhadinha)
Independente do que se diga sobre os nacionalismos exacerbados, o intuito da película, provavelmente, foi registrar uma história acontecida de fato, pouco conhecida, baseada num relato literário e que se repete hoje. Que somos afeitos à destruição já sabemos, mas ainda bem que tem quem recolha os cacos, que é o que faz o MFAA (Monuments Fine Arts an Archives).
Os roteiristas foram o próprio George Clooney e Grant Heslov, além dos autores, Edsel e Witter. Clooney conhecido por Doze homens e um segredo (Steve Soderberg, 2001) e Os descendentes ( Alexander Payne, 2011), pelo qual ganhou o Globo de Ouro 2012,também dirigiu Boa Noite, Boa Sorte (2005) e ganhou o Oscar e Globo de ouro (2006) de melhor ator coadjuvante por Syriana (2005). Se arrisca pela seara de diretor e mostra sensibilidade, além de uma boa dose de ironia e criticismo, quando da foto histórica em que o General Patton posa de herói na frente do ouro de Hitler, que fora descoberto por eles, numa das minas, representando um golpe sem precedentes nos planos do Füher. O roteiro não se faz de rogado e vaticina: …“quando resgatamos algumas das obras de artes ninguém veio tirar fotos, mas se tratando de dinheiro….”
Um filme que teve um custo estimado em setenta milhões de dólares, e até a segunda semana de março, já havia se pagado (Aqui!), tem uma fotografia é belíssima e uma reconstituição de época e registro das batalhas admiráveis. A fidelidade aos detalhes de cada um dos personagens é uma pérola à parte, o que nos mostra a meticulosidade e esmero. O bom gosto de fazer o contraponto de uma guerra com uma trilha sonora de piano tentando personificar a energia que os movia fez diferença na película.
Um filme para quem gosta de artes e sabe da importância dela para o enlevo do espírito de quem contempla.
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