A Aula Vazia (El Aula Vacía). (Documentário); Diretores: Gael Garcia Bernal, Flávia Castro, Mariana Chenillo, Pablo Fendrix, Carlos Gavíria, Tatiana Huezo, Lucrécia Martel, Nicolas Pereda, Eryk Rocha, Pablo Stoll, Daniel Vega e Diego Vega; México/Argentina/Colombia/El Salvador, 2014. 111Min. #FestivalDoRio2015
“É necessário sair da ilha para ver a ilha, não nos vemos se não saímos de nós”
(José Saramago – O Conto da Ilha Desconhecida)
Tendo como diretor criativo o mexicano Gael Garcia Bernal conhecido por “Diarios de Motocicleta” (2004) e “Amores Brutos” (2000), “A Aula vazia” versa sobre a evasão escolar na América Latina no ensino básico (fundamental e médio na nomenclatura da legislação brasileira) através de 11 curtas-metragens que abordam o tema de enfoques diferentes: o da pobreza, o da falta de políticas públicas, o das situações de violência como o das Farcs na Colômbia, a descontextualização da escola com o tempo/atualidade, a representatividade do que tem fora da escola, dentro da escola. Mais que a realidade da América Latina é a realidade do humano.
Orquestrado e narrado por Gael Garcia Bernal e co-dirigido por Diego Vega Vidal, o longa não se proposita a discutir nem questionar e, muito menos, apresentar soluções para a problemática, mas fazer um passeio/diagnóstico por essa realidade apresentando situações cotidianas, algumas reais – como a do Bullyng e a das Farcs – pautados em estatísticas e realidades, ou versões dela.
Tudo em “A Aula Vazia” é comunitário, a direção, a roteirização, a produção, e não seria diferente com a fotografia. Sob a batuta de Fergan Chaves-Ferrer de “Outubro” (2010), Inti Briones, Pedro Gomez Millan e Ernesto Pardo, o longa Frankstein da realidade educacional da américa latina se desenha com luminosidades e escuridões, com luz e sombras.
“El Aula Vacía” (no original) é um documentário, cuja produção é, majoritariamente, mexicana e que versa sobre nós, sobre nossa realidade social, como nós – os latinos – constituímos nossa sociedade e a representação desse todo na escola, imbricado em todas as suas nuances. O filme traz reflexões profícuas para pensar o humano e a educação. Mas é interessante assistir despido de militâncias, tentando uma certa distância eivada de bom senso, senão vira outra coisa. O longa composto de 11 curtas que versam sobre a evasão escolar é feito por cineastas engajados, mas cineastas e não por professores, e usa o cotidiano dessas comunidades para entender a questão com os olhos de cineasta.
- Festival do Rio 2015 – Mostra Première Latina
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