A Paixão de JL (Documentário/Biografia); Participação: José Leonilson; Direção: Carlos Nader; Brasil, 2014. 82 Min. #MostradecinemadeouropretoCINEOP2015
José Leonilson Bezerra Dias – JL (1957-1993), foi um pintor, desenhista e escultor cearense reconhecido nacional e internacionalmente. Seu último trabalho foi uma instalação concebida para a capela do Morumbi (SP) que exalava espiritualidade e aludia a fragilidade da vida. Recebeu postumamente uma homenagem e uma premiação da Associação de Críticos de Arte de São Paulo e, agora, 12 anos depois de sua partida, um documentário a partir das fitas de áudio, um espécie de diário, gravadas com intuito de compor um livro.
Em 1990, José Leonilson, começou a gravar fitas-cassetes com relatos de seu cotidiano, e nesse ínterim, descobre-se portador do vírus HIV. “A Paixão de JL” é uma cinebiografia das emoções de Leonilson, uma saga pela alma do artista plástico que desavergonhadamente, sem nenhum pudor fala de si, sobre como lida com a vida, de sua solidão, de seus casos amorosos, das sensações de vida e de morte, e se expõe escancaradamente em todos os sentidos. Relata o medo da reação de seus pais ao saberem de sua orientação sexual, das suas impressões em relação à política nacional e internacional, o medo da AIDS e o dia-a-dia de convivência com a doença com seus altos e baixos emocionais, com uma veracidade tocante. Para compor o imagético, já que Leonilson não aparece, Carlos Nader usou as obras de arte do escultor e desenhista, principalmente a fase em que utiliza costura e bordados inspirados em Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), que fazem quase que um holograma do artista para o público. Leonilson se faz presente pela sua obra, sua voz e sua narrativa.
Carlos Nader, com “A Paixão de JL” sagra-se tricampeão do Festival de Documentários É Tudo Verdade. Em 2008 venceu com “Pan-cinema Permanente”; em 2014 com “Homem Comum” e em 2015 com “A Paixão de JL” e, ainda , leva novamente o prêmio da categoria da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). A obra de Nader lembra o documentário “Hélio Oiticica” (2012) pelo conteúdo de confissões, o modo – relato através de fitas-cassete – e as amostragens de trabalhos plásticos e instalações, mas se diferencia quanto à forma de presença do biografado.
O longa de Carlos Nader é a atuação do cinema a serviço da memória e mais uma radiografia do humano. Esse, ovacionando a sinceridade e a veracidade, içando confissões e coragens à categoria de registro documental.
- Pré-estreia nacional/CINEOP2015
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