A Pequena Morte

A Pequena Morte

Por | 2018-06-17T00:11:48-03:00 29 de dezembro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Pequena Morte (The Litlle Death). (Comédia/Drama/Romance); Elenco: Bojana Novakovic; Damon Herriman, Alan Dukes, Erin James, T. J. Power, Patrick Brammall, Lisa McCune, Kate Mulvany, Kate Box; Direção: Josh Lawson; Austrália, 2015. 96 Min.

A pequena morte é uma expressão francesa ( La Petit Mort) para designar metaforicamente orgasmo. E esse é o contexto escolhido por Josh Lawson para versar sobre a questão do ruído na comunicação entre homens e mulheres. E mais, que há uma questão geral de não-entendimento nas comunicações entre os seres humanos, de que não prestamos atenção ao que é dito associado ao contexto, e que isso é inerente à nossa existência. E mesmo abordando um tema com tanta propriedade em meio a muitas piadas e brincadeiras de casal, o longa não deixa der uma boa pedida de reflexão sobre os segredos de nossas personalidades e o peso da adequação forçada a uma normalidade sufocante.

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Quatro casais: Maeve (Bojana Novakovic) e Paul (Josh Lawson); Dan (Damon Herriman) e Evie (kate Mulvany); Rowena (Kate Box) e  Richard (Patrick Brammall); Phil (Alan Dukes) e Maureen (Lisa MCune) com questões diferentes em suas relações, estão tentando melhorar a qualidade de seus relacionamentos, e usam de todos os artifícios para serem felizes. O que acontece é que isso implica em contar ao parceiro sobre algumas fantasias escondidas que podem ser mal interpretadas, abalar a relação, ou mesmo rotular o ‘feliz fantasista’ de doente. E alguns escondem, outros contam para o parceiro  e tentam realiza-las, e outro ainda vive tão profundamente sua viagem que acaba acreditando de verdade na fantasia como se fosse realidade. A brincadeira  não poderia ser melhor, divagar sobre as fragilidades humanas e sua dissonâncias; E tudo isso, para abordar com muita propriedade e graça, a questão do ruído na comunicação entre homens e mulheres. Mas esse fato não está somente restrito aos casais. Lawson enfatiza a abordagem com o novo morador que se apresenta para a vizinhança, fala de si – coisas não tão recomendáveis – e ninguém sequer presta atenção ou entende o que é dito. E para fechar o argumento,  Lawson, que também roteirizou o longa, adiciona Mônica (Erin James) e Sam (T. J. Power), um não-casal surdo-mudo que se entende melhor do que os demais. Numa ênfase dupla ao argumento que, ao contrário das brincadeiras tórridas e espetaculares, é bem sério.

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Costurado por essas histórias e seus desejos secretos, ” A Pequena Morte” é  num jogo de esconde-esconde em que um não confia no outro e se finge uma proteção atrás de uma carapaça de normalidade  em que, tudo o que acarreta é a falta de entendimento e o medo da confiança. O estreante em longas metragens Josh Lawson, que vem do nicho de filmes e séries de TV, e atuou em “Tudo Por Um Furo” (2013), mostra coragem e uma boa organização na abordagem de um argumento tão subjetivo, que de forma crua e filosófica ficaria contundente. Ele o faz num caldeirão de piadas e situações inusitadas, e transforma isso em reflexão em meio a muitas gargalhadas soltas. Lawson optou por falar dessas questões no território da heterossexualidade, e quem rouba a cena é  Erin James, estreante em longa-metragens, e T. J. Power de “Comer, Rezar e Amar” (2010) em cenas hilárias e espetaculares em um disque sex para surdos-mudos. O filme ganhou o prêmio do público de melhor narrativa no SXSW Film Festival e o Horizonte abertos no Thessaloniki Film Festival, também prêmio do público.

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A referência que cai como uma luva é a comédia francesa “Sexo, Amor e Terapia” (2014) com Sophie Marceau.  O filme não tem cenas explícitas e se adéqua as regras do circuito comercial. Com classificação etária não recomendada para menores de 14 anos, “A Pequena Morte” é uma bela reflexão sobre o comportamento sexual dos humanos (nós) e rende gratas e generosas gargalhadas. Divertidíssimo!

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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