A Voz do Silêncio (Drama); Elenco: Stephanie de Jongh, Claudio Jaborandy, Marieta Severo; Direção: André Ristum; Brasil/Argentina, 2018. 98 Min.
A co-produção Brasil/Argentina, ganhadora dos Kikitos de melhor direção e montagem no último Festival de Gramado, entra em cartaz e nos premia com uma viagem pelo cotidiano e errâncias do homem comum. Dirigido por André Ristum e roteirizado por ele e Marco Dutra as histórias estão na telona à caça de empáticos, de alguém que se identifique, e não tem como não se identificar num momento ou em outro. O brilhantismo está justamente na simplicidade do roteiro e na forma com a qual a complexidade do cotidiano com suas camadas são trançadas através de uma montagem competente.
André Ristum de “ O Outro Lado do Paraíso” (2014) em parceria com Marco Dutra de “As Boas Maneiras” (2017), no roteiro, trazem para a sala escura sete personagens comuns, misturados à multidão da população da cidade de São Paulo. Sete histórias que se atravessam e que não tem nada de extraordinário. É como a nossa, comum. E nos faz lembrar “Amores Brutos” (2000) de Alejandro Iñarritu com o foco na atividade diária, repetitiva, enfadonha, desgastante, na vida com seus imprevistos, dores, tristezas, tragédias e pequenos momentos de felicidade. A forma com a qual a edição de Gustavo Giani de ” Meu Amigo Hindu” (2015) prende a atenção e dá ares de mistério, é admirável.
“A Voz do Silêncio” tem cara e cheiro de filme latino americano, sai um pouco da nossa gramática cinematográfica, bota um pé no estilo argentino e fecha redondinha para quem curte esmiuçar o cotidiano do home ordinário, gosta de pensar em causas e consequências da vida. O filme é um manjar de aspectos e camadas e preconiza que o grande texto da vida está nas entrelinhas das relações sociais, naquilo que não é dito. Vale o ingresso!
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