Antes que Eu me Esqueça (Comédia/Drama); Elenco: José de Abreu, Danton Mello, Mariana Lima, Letícia Isnard, Guta Stresser; Direção: Tiago Arakilian; Brasil, 2018. 98 Min.
Filme nacional que traz para as conversas o processo de envelhecimento, a decrepitude, as relações familiares, os mal entendidos entre os limites do cuidado de si e a intromissão alheia, a quebra de paradigmas e preconceitos e que, desfossiliza, reajusta e contemporaneiza certos ‘valores,’ entra em cartaz. Com muita graça e aspectos para reflexão “Antes que Eu me Esqueça” de Tiago Arakilian traz no elenco José de Abreu e Danton Mello vivendo uma relação pai e filho bastante comum, cujo enredo abre um leque de opções para abordar outros temas periféricos igualmente importantes.
Polidoro (José de Abreu) é um juiz aposentado com uma rotina bem marcada e com uma vida comum. Um belo dia resolve incrementar seu cotidiano se tornando sócio de uma boite. A filha Bia (Letícia Isnard) que já estava percebendo alguma diferença comportamental no pai chama o irmão Paulo (Danton Mello) para interditar Polidoro. Por falta de acordo o juiz decide que Paulo deverá manter mais contato com o pai para apuara as questões de saúde e segurança levantadas pela irmã, monitorado por uma defensora pública, Maria Pia (Mariana Lima), a fim de se tomar uma decisão. A questão é que essa aproximação ressuscita alguns fantasmas da relação dos dois e traz novidades na forma de se verem um ao outro. O longa faz um trançado muito bem trabalhado entre descobertas e constatações, desconstrói certezas fossilizadas, preconceitos e medos num clima de congraçamento com o diferente, que encanta. Tem seus momentos dramalhões, mas nada que atrapalhe a desenvoltura do roteiro, deixando a história crível.
Tiago Arakilian é oriundo da produções de comerciais e está em seu primeiro longa de ficção como diretor. Conhecido pelo documentário “Os Irmãos Roberto” (2012) o cineasta faz bonito com o roteiro de Luisa Parnes de “Fé na Tábua” (2012) costurando a desconstrução de certezas e valores. Mas, a cereja do bolo é a atuação de José de Abreu no papel de um idoso às portas do Alzheimer. Com destaque para a cena de ternura entre Polidoro e Joelma (Guta Stresser).
“Antes que Eu Me Esqueça” é um excelente personagem conceitual para pensar cuidado, respeito às necessidades alheias, quebra de valores obsoletos que dão origem a preconceitos, além da relação pai e filho, é claro. Para os que se interessam pelo tema é uma ótima pedida.
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