Cantando de Galo

Cantando de Galo

Por | 2016-08-15T22:58:48-03:00 15 de agosto de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Cantando de Galo (Un Gallo com Muchos Huevos) (Animação/Aventura/Comédia); Vozes originais: Bruno Bichir, Omar Chaparro, Abgelica Vale, Carlos Espejel, Maite Perroni, Sergio Sendel, Ninel Conde; Dublagem brasileira: Marco Aurélio Campos, Deca Pinheiro, Henrique Canales, Gilmar Lourenço, Raquel Marinho, Fernando Prata, Marina Serabello, Ailton Rosa; Direção: Gabriel e Rodolfo Riva Palacio-Alatriste; México, 2015. 98 Min.

A animação mexicana “Cantando de Galo” é uma extensão das histórias de “Huevos Cartoons” dos mesmos diretores e roteiristas. Com uma história linear e bem infantil, sem camadas sobrepostas e com um tom bem mexicano – o dramalhão – o longa mistura técnicas simples de desenhos animados e referenciais que só adultos entenderão. Logo é mais afeito a sessão de desenhos matinais de TV do que filme para tela grande.

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“Un Gallo con Muchos Huevos” (no original) conta a história de uma viúva que, com dificuldades para manter seu sítio, resolve vendê-lo. Os animais descobrem e decidem participar de uma rinha de galos e com o prêmio resolver a questão. Uma história simples, direta, linear sem nenhuma camada sobreposta. Apenas uma narrativa infantil com crianças (ovinhos bebês) que admiram seu herói. A animação é uma saga que versa sobre solidariedade e que inclui um treinamento disciplinar e de aprendizados de novas habilidades. Cujos referenciais parodiados vão de  “O Poderoso Chefão” a “Rock” passando por “Karatê Kid”. E ainda tem falas  e takes que nos remetem a “Star Wars”. Referências essas que somente os adultos quarentões ou cinéfilos entenderão. Ou seja, apesar da narrativa ser bastante infantil os aspectos que suscitam graça não são, pois nenhuma criança os alcançarão.

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Planificado, sem grandes atrativos tecnológicos, nenhuma neutralidade que possa evocar uma contextualização, tudo é muito mexicano: a pegada da história, a piedade da velhinha que vai perder o sítio; o estilo de contá-la, que vai num crescente de velocidade e intensidade até se tornar irritante;  as paisagens, etc) e sem descansos de atenção, o que é imperdoável em audiovisuais dirigidos para crianças,  “Cantando de Galo” fica restrito a um público nacional, bem infantil e tem mais jeito de desenho de TV. O que salva é a trilha sonora assinada por Zacarias M de La Riva que insere de Psy a Louis Armstrong e a mistura ficou bacana. Mas também é outra pegada que só adulto percebe.

Un Gallo con Muchos Huevos

Os irmãos Gabriel e Rodolfo Riva Palacio-Alatriste são criadores de um sítio virtual humorístico de cartoons chamado Huevocartoon e a partir dessa ideia desenvolveram extensões como “Una Película de Huevos” (2006) e “Otra Película de Huevos” (2009) – até os títulos deixam a desejar no quesito originalidade –  “Cantando de Galo” é a terceira extensão da ideia. Apesar das indicações ao prêmio de melhor animação no Ariel Alwards, e  no The Platino Awards for Iberoamerican Cinema, o longa-metragem é mais do de sempre e da década de 80. O que talvez, Gabriel e Rodolfo não tenham percebido é que conquistar a criança e adulto ao mesmo tempo não acontece usando aspectos estanques, possivelmente, isso se dá usando camadas sobrepostas no roteiro, como vemos em “Divertida Mente“, por exemplo. Logo, para uma sessão de desenho matinal tá valendo, mas para a telona nem tanto.

Atualizado em 16/08/2016

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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