De volta ao jogo. (John Wick). (Ação); Elenco: Keanu Reeves, Michael Nyqvist, Alfie Allen, Willem Dafoe; Diretor: Chad Stahelski, David Leitch; USA/Canadá/China, 2014. 101 Min
Como ver um filme que não tem história? O que falar de um filme sem história? Pois é, casos como esses nos força a perceber outros aspectos da produção cinematográfica e buscar o que esses outros aspectos nos falam, a quem possivelmente se dirige e para quê, para se ter uma mínima condição de emitir um juízo de valor. Esse, provavelmente, é o caso de “De volta ao jogo” de Chad Stahelski e David Leitch, com Keanu Reeves.
O recorte da obra é um período de , aproximadamente, uma semana na vida de John Wick, um ex-matador que abandona a vida de gangster depois de encontrar um sentido mais amplo para vida, o amor. Após o falecimento natural de sua mulher, a perda do cãozinho, presente da amada, e a destruição de seu carro, a semana de vingança de John Wick o leva de volta à vida pregressa. O mote do filme, possivelmente, é o de cogitar do que é capaz alguém que não tem mais o que perder, e fazer uma viagem pelos extremos, entre o cultivo do lado civilizado e a manutenção do equilíbrio emocional entre o homem sensível e o homem “animal”. Mas a imagetização disso não convenceu, embora se perceba seu viés, e até seja parte de uma diálogo. O tempo de adrenalina e de baixa da emoção para entrar na linha de sensibilidade mais tênue, aparentemente, não funcionou.
Os aspectos que se impõem no filme são da ordem da tatibilidade: o ritmo, a trilha sonora, as angulações dos takes e a fotografia. Por eles se pode “tirar leite de pedra” na análise de “De volta ao jogo”. A fotografia marca o tom emocional da personagem e dos ambientes. E essas variações ocorrem na boite, na sauna, na discoteque e casa de John Wick . A trilha sonora é a grande condutora da ação, é ela quem anuncia o que vem e só falta falar com o espectador. Assinada por Tyler Bates de “300” e “Guardiões da Galáxia” e Joel J. Richard de “identidade Bourne” é quem tenta prenunciar ao espectador o que acontece por dentro de John Wick. É excelente! As angulações dos takes são outro prêmio, desde os closes, durante os atos de pura violência aos takes mais panópticos, muito comuns no “Homem Aranha” e que “empodera” o espectador. Esses aspectos artísticos fazem a graça do filme, No mais, é um desfile de carros, armas e mulheres. Um festival de tiros, facadas, violência e muito sangue. E nessa linha, deixa “3 dias para matar” de Luc Besson no chinelo, só não perde para os “Mercenários 3” de Patrick Hughes com seus doze minutos de bombardeios ininterruptos.
Em relação a produção, direção, elenco e afins, a coisa fica interessante, o produtor executivo mais proeminente é mesmo Keanu Reeves e dentre eles tem ainda Eva Longoria de “Desperates Housewives”. Os diretores Chad Stahelski e David Leitch são oriundos do mundo da luta (kick-boxing) e dublês profissionais, onde têm uma carreira admirável e profícua com dezenas de filmes, mas como diretores é a primeira experiência. Quanto ao protagonismo, ter Keanu Reeves de “Matrix”, “Constantine” e “O advogado do diabo” como ator principal é chamariz para público com certeza, e somando-se a isso, o cara também tem experiência com lutas marciais, o que facilita a atuação. Quanto ao roteirista?! bem, é seu terceiro roteiro e sua senda é a ação, como “One in the Chamber” e “The package” sem muito argumento ou reflexões.
No mais, o forte do filme é a sensorialidade: as cores, a música e ritmo, não esquecendo que o tema é violência. logo, é para quem curte o estilo “Duro de Matar”. Ou para quem queira viver uma experiência sensorial de altos e baixos e descansar a máquina pensante, pois até deus descansou no sétimo dia, não é não?! Sem esquecer que tem todo o direito de existir, tem público que consuma o produto e foi feito mesmo para ganhar o vil metal. Já que democracia foi feita para usar… há espaço para todo mundo, afinal o que seria do azul se todos gostassem do amarelo? 🙂
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