Homem-formiga (Ant-man). (Ação/Ficção-Científica); Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll; Direção: Peyton Reed; USA, 2015. 117 Min.
Baseado nas histórias em quadrinhos (HQs) de Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby, “Homem-Formiga” não foi dos super-heróis mais aclamados ou conhecidos do grande público, fazendo parte, apenas, do repertório dos fanáticos por HQs. Com a releitura cinematográfica dos personagens da Marvel, o pequeno/grande herói entra para a grade dos poderosos de plantão.
As histórias em quadrinhos sempre foram um festival de idas e vindas, no arcabouço de criação das histórias, ao sabor da tendência do público, do Marketing, do mercado etc… e na linha de tempo na história do Homem-Formiga foram três os indivíduos que usaram o traje que aciona a partícula Pym e dota seu usuário de superpoderes. São eles: Henry/Hank Pym (Revista Tales to Stonish#27 e #35 em diante de 1962); Scott Lang (Avengers#181/Marvel première#47 de 1979); e Eric O’Grady (The Ant-man Irredimível#1 do ano de 2006). O longa de Peyton Reed se detém no período de Scott Lang (Paul Rudd) e apresenta superficialmente ou pouco da história de Hank Pym (Michael Douglas). Mostra, também, a consolidação de Scott como “Ant-man” (no original) e seu processo de adaptação ao seu novo trabalho.
Scott Lang é um engenheiro eletrônico e ex-presidiário que precisa se estabilizar econômica e socialmente para continuar vendo sua filhinha Cassie (Abby Hyder Fortson) e é escolhido pelo cientista Dr. Pym para ser testado com o objetivo de ser o novo usuário do traje que esbanja superpoderes. Se na maioria dos casos de super-heróis, a física manda no pedaço, chegou a vez da química. A partícula Pym é um composto químico que possui a capacidade de alteração da estatura do indivíduo mantendo a mesma força da estatura de origem, superdimensionalizando-a ( física de novo) o encolhimento é a especialidade, embora atue em contrário. O traje, ainda possui um dispositivo que permite a comunicação e controle com/dos insetos. Um dos aspectos interessantes do personagem é que ele não é um exemplo de cidadão e é contratado justamente por ter algumas habilidades específicas para o crime, e para se tornar um super-herói, tera que cometer outro crime. É o retrato do paradoxo e da dissonância invadindo as versões cinematográficas de heróis. ( nos quadrinhos isso já acontece há bastante tempo).
O roteiro foi escrito a oito mãos: Edgar Wright de “As Aventuras de Tintim” (2011); Joe Cornish de “Ataque ao Prédio” (2011); Adam Mckay de “Tudo por Um Furo” (2013) e o próprio Paul Rudd que roteirizou “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” (2008). Tudo isso teve como produto final uma extensão fiel dos quadrinhos. A menina dos olhos é a fotografia de Russel Carpenter de “Titanic” (1997) pelo qual ganhou o Oscar na época. E tem até uma brincadeira gostosa com o Titanic numa homenagem ao longa e ao diretor de fotografia. O homem-formiga tem ainda referências em “Terra de Gigantes” (1968) uma série de TV; “Querida, Encolhi as Crianças” (1989); “Missão Impossível” (1996) e “Toy Story” (1995), dentre outras.
“Homem-Formiga”, que traz para a luz um super-herói obscuro nos quadrinhos é uma mistura de aventura e comédia dentro do contexto de ficção-Científica. Hilário, didático (com tudo muito bem explicadinho), divertido e com pés fortemente fincados no arcabouço da história em quadrinhos, é uma excelente introdução para as novas gerações sobre o personagem, e para o entendimento das várias formações dos vingadores. Além de fundamentar a sua participação no “Capitão América 3: Guerra Civil” que estreia em 2016.
A Marvel já provou que pode tudo ou quase tudo, e a trajetória dos quadrinhos está sendo lentamente desenhada em outra linguagem – a cinematográfica – de uma forma bem mais enxuta que nas HQs e com o uso competente de tecnologias de tatibilidade como 3D e CGI, o que em histórias de fantasia fazem toda a diferença.
Em tempo: não saia antes dos créditos finais.
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