O Amante Duplo (L’Amant double) (Drama/Romance/Thriller); Elenco: Marine Vacth, Jérémie Renier, Jacqueline Bisset; Direção: François Ozon; França/Bélgica, 2017. 107 Min.
Uma versão sofisticada de “Fragmentado” (2016) disputou a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2018, trata-se do mais recente filme de François Ozon “O Amante Duplo”. Nele se apresenta distúrbios de personalidade, esquizofrenia e outras desordens emocionais a partir da relação de uma paciente com seu analista. Livremente inspirado no livro “Lives of the Twins” de Joyce Carol Oates, com o roteiro feito por ela em colaboração com Philippe Piazzo de “Frantz” (2016), o longa tem uma linha bem francesa, com silêncios significativos, diálogos existencialistas e muito charme. O romance/suspense de Ozon pode ser comparado aos filmes de Hitchcock de tão bem construído em seu gênero; de takes aos diálogos; da trilha sonora à mise-en-scéne.
Chloé (Marine Vacth) é uma mulher sozinha que decide pedir ajuda psicológica a Paul (Jérémie Renier). Com o passar do tempo se envolvem, param a terapia e vão viver juntos. Certo dia Chloé decide retomar o tratamento e procura outro profissional, Louis. E as coisas se complicam porque Louis é o duplo de seu marido. Quem está em desordem psíquica, Chloé ou Paul/Louis? Essa pergunta é respondida no final com uma genialidade à toda prova. Mas, durante esse percurso o roteiro é riquíssimo em detalhes, no jogo psicológico, em argumentações inteligentes e prende a atenção do espectador minuto a minuto durante duas horas. A trilha sonora é intensa e transporta o espectador para dentro da história e o cenário com seus espelhos diversos, com angulações diferentes multiplicando e bipartindo os personagens é sensacional e contam o lado oculto da história – o psíquico – numa narrativa imagética que segue paralela à narrativa principal, dando dicas e guiando o espectador mais atento.
“O Amante Duplo” é dirigido por François Ozon que tem no currículo filmes como: “Frantz” (2016); “Uma Nova Amiga” (2014); “Dentro de Casa” (2012) “Potiche – Uma Esposa Troféu” (2010). O cineasta é premiado e aclamado pela crítica e tem um Lumiére na estante por “8 femmes”(2002), no momento está em pós-produção do filme “Alexandre” que estreia em 2019. Sob sua batuta a trilha sonora de Philippe Rombi foi indicada ao Lumiére Award e Jacqueline Bisset faz uma participação especial.
O longa é um primor em fotografia, atuações e roteiro e é direcionado ao público que curte o cinema francês e narrativas psicológicas. Vale como atualização das obras de François Ozon , para quem é fã. E para quem não o é, vale como porta de entrada para conhecer a obra desse cineasta promissor. O filme vale o ingresso pela abordagem inteligente e intrincada.
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