O Farol (The Lighthouse) (Drama/Fantasia/Terror); Elenco: Robert Pattinson, Willem Dafoe; Direção: Robert Eggers; Canadá/USA, 2019. 109Min.
Nunca subestime um ator por seus primeiros trabalhos ou faça juízo de valor algum. Como diz um velho ditado: Nada como um dia após o outro. Me refiro à Robert Pattinson que iniciou sua carreira com “Harry Potter e o Cálice do Fogo” (2005) , foi protagonista da saga anêmica “Crepúsculo” (2008/2009/2010/2011) e depois disso despontou num cinema independente, com muita competência com filmes como: “The Rover” (2014) e “Bom Comportamento” (2017). Filmes, esses, que possibilitaram a Pattinson mostrar todo o seu talento. Dessa vez ele é a estrela do mais recente filme de Robert Eggers, diretor do aclamado “A Bruxa” (2015). Com uma fotografia espetacular, um roteiro inteligente, dividindo a tela com, ninguém menos que Willem Dafoe, “O farol” é um filme de arte situado no nicho do terror. Ou o que poderíamos chamar de ‘terror cult’
O longa conta a história de dois faroleiros: Thomas wake (Robert Pattinson) e Thomas Howard (Willem Dafoe). Wake vai substituir o ajudante do farol. Muito tempo sozinho, fazendo atividades repetitivas, com uma rotina maçante começa a mexer com a cabeça dos profissionais de faróis, como contam as histórias, lendas ou imaginários. O que Robert e Max Eggers (roteirista) fazem é se apropriarem destas histórias e trazerem para a ‘realidade’ dos personagens, narrando um processo lento e meticulosos de enlouquecimento no cotidiano dos charás.. Os incômodos, as inquietações, as subjetivações, os questionamentos e o nível de aprofundamento da solidão e seus efeitos fisiológicos são minuciosamente desenhados ao longo da exibição..
“O farol” nos remete a outro longa, também em preto e branco, com silêncios significativos e argumento subjetivo, “O Cavalo de Turim” (2011) de Béla Tarr. Em que, diante da defesa de Nietzsche a um cavalo açoitado, ninguém mais teve notícia do cavalo. Então, Béla Tarr decide imaginar uma história para o cavalo e nos brinda com uma ópera do cotidiano lenta e magistral. Assim o é com “The Lighthouse” (no original) e o resultado é brilhante. Essa empreitada toda trouxe premiações e indicações importantes para o longa. “O farol” recebeu o FIPRESCI no Festival de Cannes 2019; três premiações de ator coadjuvante para Willem Dafoe e mais 18 indicaçações na mesma categoria mundo afora.
O longa de Eggers nos remete á gramatica cinematográfica de Einsenstein e tem na fotografia seu grande atrativo imagético, assinada por Jarin Blaschke. Nos diálogos inteligentes e takes que tentam imagetizar as subjetividades das personagens, um potencial de prender a atenção do espectador que é digno de menção. Assistir ao filme é fazer um programa cinféfilo de qualidade em todos os sentidos. E é esse o mote do filme, ele é uma obra de terror psicológico que não tem como público alvo o público comum do gênero terror, mas cinéfilos. Depois do competente “A Bruxa”, que foi um dos melhores filmes de terror da década, Eggers pode tudo. Por isso venho dizendo há um tempo que não se fazem mais filmes de terror como antigamente, a revitalização do gênero está de vento em popa. Ops!
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