A Melhor Juventude (La Meglio Gioventú/The Best of Young)(Drama/Romance); Elenco:Luigi Lo Cascio; Alessio Boni, Jasmine Trinca; Direção:Marco Tullio Giordana; Itália, 2003. 366 Min.
Esqueçam “Boyhood” com sua maestria de uso do tempo real para contar 12 anos de história com 12 anos de filmagens esparsas. Ou ainda, “Roma” ao narrar a história de uma família passando pelos acontecimentos políticos do México usando como fio condutor uma babá. “O Melhor da Juventude” também usa o tempo como trilho de seu roteiro contando 37 anos de História da Itália através da saga de uma família. Se fôssemos comparar com alguma obra brasileira de peso o seria com a obra literária “O tempo de o Vento” de Érico Veríssimo, versão italiana, é claro. Este longa-metragem de 6 goras e 6 Minutos foi lançada em 2003, dirigida pelo Italiano Marco Tulio Giordana e será exibido em duas partes na “8 1/2 Festa do Cinema Italiano” em 16 cidades brasileiras com direito a cópia restaurada e uma masterclass com o diretor na cidade de São Paulo.
Enquanto se conta a história dos irmãos Nicola (Luigi Lo Cascio) e Matteo (Alessio Boni) se faz un viaggio pelos eventos políticos ocorridos na Itália de 1966 a 2003: a instabilidade política, a operação ‘Mãos Limpas’, as gestões do primeiro ministro Aldo Moro, as atividades dos ‘Brigadas Vermelhas’, a perseguição à máfia italiana e a revisão dos moldes como se vê e se trata das doenças mentais… tudo isso, através da saga intimista da família Carati com suas escolhas, suas relações, seus dramas e alegrias,enfim, sob a égide da subjetividade, o fio condutor da vida de qualquer ser humano.
A preciosidade está no roteiro de Sandro Petraglia de “La Ragazza del Lago” (2007) e “La Messa e Finita” (1985) e; Stefano Rulli de “As Chaves de Casa” 2004) e “Uma Conspiração Italiana” (2012). A história e sua forma de abordagem é o que costura toda uma obra cinematográfica, cuja trilha sonora é um primor, onde constam, Mozart, Piazolla, Bach e Ravel; uma obra na qual a direção de arte sob a batuta de Tony Reading de “O Código Da Vinci” (2006), indicado ao Oscar da categoria por “Ragtime” (1981) arremata essa, quase perfeição, da narrativa audiovisual registradas pelas câmeras do cinegrafista carioca Roberto Forza de “Em Guerra por Amor” (2016).
Ou seja, “A Melhor Juventude” não é filme para se ver, mas para se experienciar durante 6 horas e 6 minutos totalmente mergulhados numa Itália da segunda metade do século XX e início do século XXI. Como uma bela saga, valeu uma remasterização e restauração, afinal são 16 anos lançamento e a tecnologia já é outra. O longa é uma obra para ser apreciada lentamente em cada um de seus aspectos técnicos. A obra italiana vale muito mais do que pesa e é altamente recomendável, para não dizer imperdível.
Deixar Um Comentário