Run (Drama); Elenco: Abdoul Karim Konaté, Isaach de Bankolé, Alexandre Desane, Rasmané Ouédraogo, Reine Sali Coulibaly; Direção: Philippe Lacôte; Costa do Marfim/França, 2014. 102 Min. #8encontrodecinemanegro
Philippe Lacôte é um diretor da Costa do Marfim e produtor de documentários e ficções. Seu Primeiro Longa-metragem é “Run”, premiado no Jerusalém International Film Lab, selecionado para mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2014 e um dos premiados na categoria de melhor filme do Festival de Burkina Faso 2015 (o Oscar africano).
“Run” conta a história de um menino órfão, Run (Abdoul Karim Konaté), que foi aparado por um sábio- Tourou (Rasmané Ouédraogo) – e que tinha o sonho de ser fazedor de chuva. Quando a missão que transformaria seu desejo em realidade foi dada, Run não conseguiu cumpri-la e fugiu… encontrou na fuga uma mulher glutona, Gladys (Reine Sali Coulibaly), que ganhava a vida promovendo espetáculos públicos de suas refeições. Run a secretariou, quando a mulher não mais conseguia se alimentar daquela forma escandalosa e enfrentou problemas, Run fugiu… na fuga encontrou um grupo de militância política armada que lutava por uma Costa de Marfim mais justo, livre de seus exploradores liderado por L’Amiral (Alexandre Desane). Após uma emboscada, salvou-se e fugiu. Foi acolhido por Assa (Isaach de Bankolé) que o preparou para a vingança, que se deu quando L’ Amiral chegou a primeiro Ministro. E Run continuou fugindo.
Lacôte faz da história de Run um palco para atravessamentos da tradição, da modernidade e da política da Costa do Marfim e fica na linha de intersecção entre a ficção e a realidade e bebe das duas fontes. Passeia pela política do seu país do ano de 2002. pisa com os pés bem firmes no cotidiano do povo da cidade com sua rotina e seus costumes. “Run” teve cinco indicações a prêmios importantes em festivais mundo afora: ao prêmio do público de melhor diretor do AFI Festival (2014), à Câmera de ouro e Um Certain Regard do Festival de Cannes, ao prêmio Lumière de melhor filme estrangeiro de língua francesa e ao Golden Gate Awards de novo diretor do Festival de San Francisco. Uma obra para ser apreciada com um olhar mais demorado.
Para assistir um filme africano é necessário se despir de qualquer fôrma fossilizadora e de referenciais particulares. O que ali está não reza na mesma cartilha de um filme Hollywoodiano, são outras as redes, outras as significações e as simbologias. As remetências às tradições, os rituais ancestrais… as nossas referências usuais não dão conta de estabelecer pontes que nos possibilitem fazer análises mais profundas com os olhos de nossa cultura. Assistir um filme africano é viajar pelo mundo, é aumentar o cabedal de conhecimentos e desfazer as certezas. E essas são, apenas, algumas das possibilidades que o cinema nos oferece, nesse caso, de viajar pelos interstícios das culturas africanas. E me apropriando de uma frase dita no filme…”O mundo é tudo aquilo que tem nele”.
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