Snowden: Herói ou Traidor (Snowden) (Biografia/Drama/Thriller); Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Melissa Leo, Zachary Quinto; Direção: Oliver Stone; França/Alemanha/USA, 2016. 134 Min.
O longa-metragem de Oliver Stone é uma ficção ancorada na entrevista concedida por Edward Snowden para Glenn Greewald, então no The Guardian, e para documentarista Laura Poitras, que se ramifica para a vida pessoal e as relações profissionais do agente e todo o caminho usado para conseguir as provas documentais que possibilitaram Edward Snowden fazer o mesmo papel que Julian Assange fez – o de denúncia de arbitrariedades.
Tudo começa com Edward entrando para o serviço militar americano, depois a NSA e a CIA, descobrindo os mecanismos de espionagem através de seus amigos hackers que trabalhavam para o governo norte-americano. Governo esse que extrapolava o âmbito da segurança pública e entrava pela vida privada dos cidadãos a ponto de as informações poderem ser usadas como instrumento de coação e chantagem. A modalidade de ficção deu a Oliver Stone liberdade para divagar sobre a personalidade de Snowden, sua vida pessoal e conduzir à encruzilhada entre heroísmo e traição.
Roteirizado por Oliver e por Kieran Fitzgerald de “Dívida de Honra” (2014) a história é baseada em dois livros: “Time of Octopus”de Anatoly Kucherena (advogado de Snowden) e “The Snowden Files” de Luke Harding, que também escreveu “Wikileaks: Inside Julian Assange War on Secrecy”. O longa tem link direto com o documentário de Laura Poitras “Citizenfour” (2014). Quem interpreta a documentarista é Melissa Leo, e o jornalista Glenn Greenwald é Zachary Quinto, o Spock de “Star Trek: Sem Fronteiras”. Outro longa metragem que pode ser uma extensão para melhor entendimento do mundo de Snowden é “Zero Days” (2016) de Alex Gibney que passeia pelo mundo dos hackers e seus segredos. Oliver Stone dispensa apresentações demoradas. Político, assertivo e profundo em suas abordagens Stone tem no currículo “Alexandre” (2004); JFK- a pergunta que não quer calar” (1991);”Platoon” (1986) e “Expresso da Meia-noite” (1978), ou seja fazer uma abordagem sobre abuso de poder político, questionar o viés do argumento de renuncia da privacidade em nome da segurança, com uma história cheia de provas documentais, não seria problema para esse novaiorquino. E não foi.
“Snowden: herói ou Traidor” é um filme com os aspectos muito bem trabalhados (profissional, pessoal e ético) e argumentos muito bem costurados. Se detém, basicamente, na versão do próprio Edward e o processo de indignação que foi se apossando do agente à medida que ia descobrindo a profundidade de controle do serviço de inteligência; e no modus operandi para conseguir retirar essas provas do QG do Departamento de Segurança Americano. Esse é um momento no filme que é um passeio pela genialidade de um homem X um aparato de segurança esquizofrênico. Um manjar para um pobre mortal que dribla todo um sistema de segurança de ninguém menos, que a nação mais poderosa do mundo. “Snowden” (no original) tem as benção do próprio biografado que aparece no final, um luxo, já que Edward vive escondido na Rússia. Oliver Stone conseguiu com uma história que todos já conhecem prender a atenção do espectador e manter seu viés estarrecedor.
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