Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond) (Ação/Aventura/Ficção-Científica); Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldanha, Karl Urban, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchim, Idris Elba; Direção: Justin Lin; USA, 2016. 122 Min.
Eles estão de volta! Capitão Kirk, Spock, Sr. Sulu, Uhura, Scott, Checov e Dr. McCoy a geração jovem da USS Interprise da série televisiva surgida na década de 60. A trilogia mais recente está em seu ultimo episódio, dessa vez dirigido pelo tailandês Justin Lin de “Velozes & Furiosos” e o longa metragem tem uma pegada de ação com muita ironia e sarcasmo e, ainda, brinca competentemente com a realidade alternativa.
Nessa parte da jornada o capitão Kirk (Chris Pine) resolve ajudar uma tripulante de uma nave perdida numa nebulosa, aprisionada por Krall (Idris Elba). Por conta disso , Kirk tem a Interprise destruída, sua tripulação dispersada, vão parar no planeta Altamid, declaram guerra aos Klingon e descobrem a USS Franklin comandada pelo Capitão Balthasar Edison e desaparecida em 2.164. O ano de atualização é o de 2.263 e a nave do Capitão Edison se tornou a casa de Jaylah (Sofia Boutella) que resolve colaborar com a tripulação da frota estelar em troca de ajuda. A partir daí a história se desenrola tentando salvar a tripulação de Kirk das garras de Krall e a base interplanetária Yorktown da guerra iminente.
Criada por Gene Roddenberry (1921-1991) na década de 60 para a televisão, a série é inspirada em outra série televisiva da época, a “Wagon Train” (1957-1965) do gênero faroeste, misturada livremente com “As Viagens de Gulliver” de Jonathan Swift. Considerada, hoje, um fenômeno cultural, “Star Trek” é responsável pela criação de vários spin-offs*. Em seu terceiro filme nessa linha de abordagem de uma tripulação jovem e no contexto das realidades alternativas, a franquia se adéqua a questões atuais. Nos filmes anteriores sob a batuta de J.J. Abrams, o gênio de “Lost” e sua equipe, tivemos “Star Trek” (2009) e “Star Trek: Além da Escuridão” (2012). Agora é a vez de Justin Lin mostrar a que veio dirigindo “Star Trek: Sem fronteiras” ainda com J.J. Abrams como produtor. As digitais de “Velozes & Furiosos”, “Star Wars” e “Matrix” aparecem no longa de forma sutil, como no salvamento de Jaylah feito de moto; na precisão das ações, na tatibilidade e tensão; nas batalhas espaciais e nos ataques das abelhas à Interprise. Sem falar nas tiradas humorísticas inteligentes. E ainda tem links com os outros dois filmes anteriores mantendo a qualidade e o estilo. Lembrando que o roteiro tem a colaboração de Simon Pegg de “Missão Impossível” – o Sr Scott – e a arrebatadora trilha sonora continua sendo dele, o compositor de “Ocean 6” de Lost, Michael Giacchino. E ainda tem uma homenagem merecida a Leonard Nimoy ((1931-2015), o primeiro Sr. Spock, e outra à primeira tripulação da USS Interprise de 1966 a 1969.
O vigor de “Star Trek” vem de uma historia de cinquenta anos de existência entre fracassos e sucessos, mas de uma manutenção de público e arrebanhamento de novas gerações respeitável. A saga traz aspectos para a reflexão, que à época de sua criação, eram poucos comuns. A partir da criação de uma armada pacífica, a frota estelar, que serve à Federação Unida dos Planetas, os cowboys do espaço vivem aventuras cujos temas abordados vão de guerra a racismo, de religião à economia, de direitos humanos, sexismo e feminismo ao papel da tecnologia. E tudo isso com humor (sempre na intensidade que as épocas permitiam). Nas palavras de Roddenberry… [Star Trek seria] “um novo mundo, com novas regras. Eu poderia discutir sobre sexo, religião e Vietnã, política e mísseis intercontinentais. Realmente, nós as colocamos em Star Trek. Nós estávamos mandando mensagens e felizmente passaram pela emissora”. Na realidade a Federação Unida dos Planetas é uma metáfora para a Organização das Nações Unidas e sua meta é a união entre os povos.…”ir onde nenhum homem jamais esteve”…estar num lugar que não conhecíamos e explorar esses desconhecidos.
“Star Trek: Sem Fronteiras” está fechando uma trilogia cujo contexto é o da juventude com uma pegada mais intimista do que política. Com uma tatibilidade (impactação/velocidade) característica de uma geração para a qual é destinada como público alvo. Sempre mantendo vivos os ânimos da galera quarentona que curtia as aventuras na telinha e sob a gestão de um nipe de profissionais que representam o que há de bem sucedido no entretenimento mundial. logo, como produto comercial atende as expectativas, é fiel ao seu arcabouço de história original e mantém a qualidade da trilogia. Para os nerds de plantão é mais um episódio para a coleção. Fascinante!
*Spin-Offs: qualquer obra midiática narrativa derivada de uma ou mais obras já existentes, ou que se concentre num aspecto específico da obra original. Ex: Star Trek: Animated Series; Star Trek: Voyage; Star Trek: Next generation; Star Trek Deep Space Nine.
Deixar Um Comentário