Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível ( Tomorrowland). (Ação/Aventura/Fantasia); Elenco: George Clooney, Hugh Laurie, Britt Robertson; Direção: Brad Bird; USA/Espanha, 2015. 130 Min.
O filme de Brad Bird, com história e roteiro de Damon Lindelof, é uma caixa de pandora do bem. Visto de fora parece mais um filme infanto-juvenil, adocicado e fantasioso da Disney que parte de um lugar comum e fica nele, mas não é. “Tomorrowland” (no original) é um passeio pelas mudanças já ocorridas no mundo, apresenta seus autores e mostra as duas possibilidades que temos em relação ao futuro do planeta, para o bem e para o mal. Costurados pela premissa dos dois lobos que temos dentro de nós e ancorado no otimismo, postula o “Acreditar/crer” como combustível para tudo, e o amanhã como espaço no tempo em que tudo é possível. E como se não bastasse, fundamenta tudo isso de uma forma brilhante.
Einsenstein, no início do século XX, acreditava que o cinema era uma arma eficiente para fazer a revolução. De que seu alcance de massa e a sua possibilidade de veicular ideologias poderia tornar o mundo mais justo social e economicamente. Talvez não tenha funcionado assim, e pode parecer quase que um sacrilégio fazer analogias entre Einseisntein e a Disney, mas é essa linha de “Vamos fazer a revolução” e de “Vamos mudar o mundo” muito bem fundamentada, (esse é o diferencial), que move a produção de “Tomorrowland – Um Lugar onde Nada é Impossível”. O argumento é muito bem conduzido, Damon Lindelof nos apresenta, atravessado ao roteiro, os homens que um dia fizeram diferença no mundo e o mudaram, tornando-o no que conhecemos hoje: Albert Einstein, Nikola Tesla, Julio Verne, Thomas Edison e Gustave Eiffel e partir daí constrói seu argumento de possibilidade de mudança no mundo usando o que todos tinham em comum, acreditar naquilo que faziam. Com frases de Einstein, uma protagonista de sobrenome Newton, voltado para a juventude, com cara de filme de criança do gênero fantasia, e representando três gerações em seus personagens principais, “Tomorrowland” mexe com tudo o que acreditávamos quando éramos criança, e sugere que esta criança ainda esteja viva dentro de nós, na personagem de George Clooney (Frank Walker) e nos diz com todas as letras que é aquela força motriz que tínhamos que move o mundo e que não pode morrer. Complexo assim!
A história consiste no fascínio pelas estrelas da menina Casey Newton (Shiloh Nelson/Britt Robertson), filha de um engenheiro da NASA Eddie Newton (Tim McGraw) e que é observada por um androide do futuro Athena (Raffey Cassidy) – na mitologia grega, deusa da guerra, da civilização, da sabedoria, da justiça, da estratégia, das artes e das habilidades – que lhe presenteia com um bóton que a transporta para uma possibilidade de futuro. ( Tomorrowland fala de física quântica na linguagem de crianças) e partir daí mostra o que estamos fazendo com o nosso planeta. Mais do que isso, nos explica qual o processo utilizamos para promover tamanha destruição. Tudo isso em meio a clichês de filmes infantis. Tomorrowland é de uma perspicácia invejável.
Os autores dessa façanha são Damon Lindelof da série de TV “Lost” que criou a história e a roteirizou e Brad Bird ganhador de dois Oscares por “Ratatouille” e “Os Incríveis” que dirigiu o longa. Com muitos efeitos especiais, recriando as fantasias infantis e os cruzamentos dessas com a vida adulta, a fotografia de Claudio Miranda, oscarizado por “As Aventuras de PI” e a trilha sonora de Michael Giacchino, também de “Lost”, o longa nos remete a “Alice no Pais das Maravilhas” (1951), “De Volta para o Futuro” (1985) e “Efeito Butterfly” (2004),no que diz respeito a viagem por dimensões diferentes e a possibilidade de mudança do futuro, mas com muito mais originalidade.
“Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível” é um incentivo ao otimismo, ressuscita nossos sonhos infantis de mudar o mundo, nos questiona sobre onde foi que nos perdemos e tem uma abordagem surpreendente. A premissa maior é: “Procura-se sonhadores”. A cara de Walt Disney.
Em tempo: não saia antes do término dos créditos finais, tem um convite para você.
“A imaginação é mais importante que o conhecimento”
(Albert Einstein)
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