Trash: a esperança vem do lixo (Trash). (Aventura/Drama/Thriler); Elenco: Rooney Mara, Martin Sheen, Wagner Moura, Selton Melo; Diretor: Stephen Daldry; Reino Unido, 2014.
Uma história de esperança com camadas política e social, e nuances de utopia para ser apreciada com cara de Brasil, gosto de Brasil e uma pitada de tempero inglês. Assim é “Trash: a esperança vem do lixo” de Stephen Daldry, o mesmo de “O leitor” e “As horas”. Um drama suspense, adaptado da obra homônima de Andy Mulligan, ambientado num lixão da periferia do Rio de Janeiro, com três crianças /pré-adolescentes que se envolvem numa perseguição policial com ligações políticas e que desvendam uma quadrilha de corruptos.
A fórmula lembra, “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles e “Tropa de Elite 2 – o inimigo agora é outro” de José Padilha, com a graça, o humor e alegria de Raphael (Rickson Tevez), Gardo (Eduardo Luis) e Rato (Gabriel Weinstein) e a falta de noção do que realmente está acontecendo, mas que se “desenrolam” com muita inteligência. Não faltou nada. Foram inseridas as abordagens política, social, religiosa, insinuações bem claras sobre a forma como o sistema eleitoral brasileiro funciona, e muito apropriadamente valoriza a babel de raças, culturas, níveis sociais e tipos de personalidades – da otimista à patológica – através das personagens e da trilha sonora que tem desde ponto de cantigas afro ao clássico, de funk ao pagode, muito bem orquestrada por Antonio Pinto.
A fotografia é um espetáculo, as tomadas são de tirar o folego (sequestro de Raphael). O furo no roteiro escrito por Richard Curtis e Felipe Braga, acaba por merecer perdão pelo objetivo da película, pois além de não alterar a história em seu arcabouço, faz um convite espetacular a que façamos a nossa revolução particular e, mais que isso, o próprio filme é o exercício do convite que faz ao espectador.
A ideologia imiscuida no final é bárbara, e se refere ao motivo pelo qual tantas barbaridades são cometidas no mundo – o dinheiro – e o põe em seu devido lugar…. O de servo. Richard Curtis, Felipe Braga e Stephen Daldry Fizeram barba, cabelo e bigode.
[…] Por Sônia Rocha: Trash: a esperança vem do lixo […]