Aniquilação

Aniquilação (Annihilation) (Aventura/Drama/Ficção-científica); Elenco: Natalie Portman, Oscar Isaac, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodrigues, Tuva Novotny, Tessa Thompson; Direção: Alex  Garland; Reino Unido/USA, 2018. 115 Min. #PlataformaStreaming #Netflix

Filmes de ficção-científica que versem sobre alienígenas não são nenhuma novidade no cinema. Tivemos “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977),  “Alien” (1979) e suas continuações, ainda, seu prequel “Prometheus” (2012), “E.T” (1982) e o recente “A Chegada” (2016). O grande diferencial dos filmes do gênero é a abordagem. No primeiro, o pavor da invasão alienígena, misturado a ciência e comunicação num show de efeitos especiais para época, que fez história; no  segundo uma pegada de terror e suspense misturado a aventura e no seu prequel uma mistura de aventura, ciência e filosofia; em “E. T” uma aventura ingênua e bela, para se tornar alguma coisa mais profunda enviesada pela comunicação e decodificação de linguagem, no último.  “Aniquilação” faz um passeio pela seara da comunicação, mas dessa vez o viés é biológico e  a troca de informações é pelo DNA. Seu mote é a hibridização das espécies, sem deixar de ter ação e aventura.

Lena (Natalie Portman), Dr. Ventress (Jennifer Jason Leigh), Josie (Tessa Thompson), Anya (Gina Rodriguez) e Cass (Tuva Novotny) são cientistas de áreas diferentes que vão empreender uma missão em uma reserva florestal, em que a partir dos efeitos de um farol, acontecem mutações genéticas e toda equipe expedicionária que para lá se aventura não volta. O único que voltou não tinha condições de contar o que lá vira. A última equipe fora composta por homens, na qual participava Kane (Oscar Isaac), marido de Lena. Esse é o start para o diretor Alex Garland divagar sobre a possibilidade de uma infiltração alienígena através de hibridização de espécies de forma bastante inteligente, sem apelar para acontecimentos apocalípticos. As referências são óbvias: “Jurassic Park” e “Alien”, na linguagem imagética. Mas, as considerações arrebanhará um público que, possivelmente, não seja fã do gênero, pela forma original do desfecho, dando um padrão de qualidade à obra bem diferente do que se vê em filmes mainstream.

A história é baseada no livro homonimo de Jeff VanderMeer, e o roteiro também ficou por conta de Alex Garland de “Ex-Machina: Instinto Artificial” (2014), outro filme bastante inteligente cuja forma de desfecho se parece com o de “Aniquilação” dando todas as respostas na última cena. O que está se tornando quase que uma assinatura de Garland. Mas o que se destaca é a direção de arte que ficou a cargo de cinco pessoas, experientes e conhecidas na categoria, sob a batuta de Denis Schenegg de “O Jardineiro Fiel” (2005), “Rei Arthur: A Lenda da Espafa” (2017) e “Trama Fantasma” (2017) que está simplesmente divino em contextualizar toda uma realidade suspensa e imagetizar  a hibridização de especies. Sem o trabalho da cenógrafa Michelle Day de “Mestre dos Gênios” (2016) o filme seria outro. A forma de criação visual da hibridização de espécie não é assustadora e nem depende de atuações estardalhaçantes de dor e sofrimento, mas é sutil e  Bela. Outro destaque bastante importante para causar no espectador  a sensação de estranheza é a trilha sonora  incômoda, misturada, quase dissonante assinada por Geoff Barrow de “Black Mirror”.

“Aniquilação” é uma produção da Netflix, exclusivo para exibição em plataforma streaming. Parece maldição de Alex Garland, que também teve em “Ex-Machina” sua exibição indo direto para DVD sem passar pela tela grande. As relações sutis entre “Aniquilação” e “A Chegada” são bastante procedentes e viáveis. Em ambas o viés é a comunicação, um com signos a serem decodificados, em outro a comunicação é na esfera do DNA, sem barreiras de tradução. Com um elenco conhecido e respeitado, como Natalie Portman oscarizada por “O Cisne Negro (2010), Jennifer Jason Leigh de “Os Oito Odiados” (2015) e Oscar Isaac de “X-Mem: Apocalipse” (2016), a produção foi muito bem feita, já que a produtora de conteúdo Netflix não joga para perder. Agora é preparar a pipoca e ficar em casa mesmo, ver o dia que quiser, quando quiser e quantas vezes quiser por um prazo muito maior do que o do cinema. Boa sessão de cinema em casa!

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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