Lightyear (Animação/Ação/Aventura); Elenco da versão brasileira: Marcos Mion, Flora paulista, César Marchetti, Henrique Reis, Adriana Pissardini; Direção: Angus MacLane; EUA, 2022. 100 Min.
De primeira animação totalmente criada com computação gráfica e maior bilheteria no primeiro final de semana de exibição em 1995, Toy Story, agora, tem o prequel de um de seus heróis. a Disney/Pixar agora, contam a história da origem de Bus Lightyear. O que isso significa? A princípio, comercialidade bem sucedida, é claro. Mas, será que uma obra cinematográfica cujo público alvo são as crianças só precisa disso para ser considerada competente? Entendendo como competente uma obra que atenda às peculiaridades de seu público. Pois é. É nisso que “Lightyear” peca.
Um animação para crianças tem que atender o tempo de concentração, o nível de acesso ao conteúdo, mais concretude do que subjetividade (abstração), e uma movimentação que prenda atenção dos picorruxos alternando atenção e descanso de atenção. O longa que conta a história da existência do brinquedo preferido da garotada menorzinha é muito subjetivo, trabalha conceitos como frustração, tristeza e perspectivas, o que, além de estar fora do espectro de experiência do público alvo, está longe também do alcance cognitivo. (se não fosse aquela planta ‘arrastadeira’ e o gatinho sox o longa seria uma desanimação com uma duração de quase duas horas. O que criança nenhuma segura, haja pai e mãe numa hora dessas. O que traz à lembrança a animação “O Bom Dinossauro” cujas cores foscas e escuras, com uma história também deprimente, fazia chorar.
Dirigido por Angus MacLane que tem no currículo a co-direção de “Procurando Dory” (2016) e roteirizado por Jason Readley de “Deu Ruim” (2017) o longa-metragem conta a história de um patrulheiro das galáxias frustrado por ter cometido um equívoco. E no afã de consertá-lo passa anos a fio comprometendo sua vida e sua visão de mundo. Até ‘cair na real’ e mudar sua perspectiva. Isso é muito abstrato para uma criança. O pecado de “Lightyear” é a sua subjetividade extrema para os padrões infantis, a abordagem dos conceitos de frustração e tristeza e o tempo de duração que ultrapassa a capacidade de concentração da criançada. O pecado de “Lightyear” foi não ter uma equipe pedag´´ogica como “Divertida Mente” teve (também da Pixar). Além de ser repetitivo e maçante até para adultos.
Imaginar que aquele herói turrão e triste tenha se tornado inspiração para aquele brinquedo assertivo de Toy Story traz alguma dissonância. Saudades da época que a Pixar era Pixar e que a Disney era a Disney. A produção de “Lightyear” nos faz pensar que quanto maior autonomia mais diversidade, mais competitividade e pluralidade na qualidade. O monopólio se torna em ‘Monótonopolio‘. O prequel de Toy Story não chegou aos pés da franquia que conquistou uma geração inteira e seus pais.
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