‘7 dias em Entebbe’ e a paz no Oriente Médio

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‘7 dias em Entebbe’ e a paz no Oriente Médio

Por | 2018-06-22T01:29:54-03:00 22 de abril de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

7 Dias em Entebbe (Entebbe) (Crime/Drama/Thriller); Elenco: Rosamund Pike, Daniel Bruhl, Eddie Marsan, Nonzo Anozie, Lior Ashkenazi; Direção: José Padilha; Reino Unido/USA, 2018. 107 Min.

O mais recente filme dirigido por José Padilha conta a história do episódio que mudou a visão sobre a postura política em relação aos conflitos entre a Palestina e Israel: o sequestro do voo da Air France Tel Aviv/Paris em 1976. A forma de contar esta história se divide em três núcleos: o dos sequestradores, o do gabinete do, então, primeiro ministro de Israel Yitzhak Rabin e o do acontecimento em si. O longa traz imagens de arquivo, um mosaico da política internacional da época, misturado a uma belíssima apresentação de dança que metaforiza a saga do povo judeu ao longo de sua História, num trabalho artístico e político belíssimo.

Contextualizado no momento delicado de conflitos entre palestinos e israelenses como o surgimento da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), dois ativistas alemães, simpáticos à causa palestina e um dos braços da organização, Wilfried Böse (Daniel Bruhl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike), juntamente com um grupo de ativista sequestram  um avião da Air France que ia de Tel Aviv para Paris e o desvia para Uganda, onde o então presidente era Idi Amim Dada (Nonzo Anozie). O objetivo era a libertação de presos políticos. O, então, primeiro ministro de Israel Yitzhak Rabin (Lior Ashtenazi) é o ministro da defesa Shimon Peres (Eddie Marsan) ficam diante de um impasse, negociar ou não com terroristas, já que no voo estavam mais uma centena de cidadãos israelenses. Esse mosaico é o que dá o start  para abordar os bastidores do que, possivelmente, tenha sido o ponta-pé inicial nas negociações de paz que viriam mais tarde. A produção é inglesa e americana e usa o talento do polêmico diretor José Padilha para argumentos políticos e de guerrilha urbana para abordar a competência do Mossad na Operação Thunderbolt. “7 Dias em Entebbe” trabalha muito bem a remetencia às marcas do holocausto e o quanto o episódio trazia de antisemitismo.

José Padilha, não há como negar, é um diretor competentíssimo. Prima pela abordagem de assuntos políticos, polêmicos e de violência urbana, como “Tropa de elite” 1 e 2; “Narcos” (série de TV), o documentário “Ônibus 174”, e  o mais recente “O Mecanismo” onde assume sua competência retórica como um excelente sofista. O roteiro é de Gregory Burke de “71: Esquecido em Belfast” (2014) que se apresenta inteligente e intrincado mostrando os bastidores da Operação Thunderbolt com logística, aspectos políticos e História. A maestria está na forma de contar essa história que inclui tensão com momentos de refresco através de cenas de uma companhia de dança. Mas, que nem por isso é distração, e sim uma metáfora muito bem costurada à história sobre a saga dos hebreus ao longo de sua jornada como povo, entrecortadas por músicas hebraicas. Aspecto técnico esse, assinado por Rodrigo Amarante em sua estreia na trilha sonora de longa-metragens. Mas quem se destaca mesmo é Eddie Marsan como Shimon Peres com um atuação forte e misteriosa. Outro aspecto importante a ser destacado é a direção de arte assinada por Charlo Dalli de “À Beira-mar” (2015) que joga o espectador na década de 70.

No geral, “7 Dias em Entebbe” traz pinceladas competentes sobre política internacional do anos 70, tem uma boa direção, sem dramalhões exacerbados, uma boa pitada de suspense e alguma ação – afinal é um produto comercial . O longa é uma boa aula de História com nuances de entretenimento. Prova de que entre uma pipoca e outra a àgora escura é fomento de memória e alguma informação com arte.

 

 

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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