A Cabana

Por | 2017-04-10T01:00:59-03:00 10 de abril de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Cabana (The Shack) (Drama/Fantasia); Elenco: Sam Worthington, Octavia Spencer, Alice Braga, Graham Greene; Direção: Stuart Hazeldine; USA, 2017. 132 Min.

“A Cabana” é uma adaptação do livro homônimo do escritor William P. Young lançado em 2007, e se trata de uma história com viés espiritualista que aborda o processo de consolidação da fé religiosa do indivíduo, o perdão, os caminhos do julgamento do outro e o equilíbrio entre vida espiritual e matéria.

Mack (Sam Worthington) é um pacato pai de família que num piquenique  tem a filha menor, Missy (Amélie Eve) sequestrada e morta. Em revolta e em recolhimento, Mack um dia recebe um bilhete convidando-o a ir até a cabana em que sua filha tem sido morta. Inquieto, Mack parte para sua experiência espiritual. O filme é evangelizador, mas sem dogmas doutrinários. Prima pela exposição dos valores cristãos,  e sua forma de fazê-lo é sucinta, didática e, por vezes,  engraçada. Não deixa de ser contundente, quando Mack se depara com a sabedoria (Alice Braga) e com Male Papa (Graham Greene). Mas, no geral, é de fácil digestão. Apesar de postular a existência de um mundo espiritual, também abre caminho para tudo noção ter passado de um delírio e essa pegada, amplia público.

Mas a cereja do bolo ficou com as apresentações de deus e da santíssima trindade. O cuidado com que os roteiristas (John Fusco/”Hidalgo”; Destin Daniel Cretton/”Temporário 12″ e Andrew Laham) e o diretor Stuart Hazeldine retrataram deus é genial. Nas coisa mais amenas e educativas: um doce mulher negra (Octávia Spencer) e nas mais dolorosas, um índio. Para completar a santíssima trindade uma japonesa (Sumide Matsubara) e um israelita de ascendência norte-africana (Avraham Avuv Alush) numa metáfora sobre ‘diversidade una’ (se é que isso existe) bastante inteligente. Sobre Stuart Hazeldine e sua equipe, não são conhecidos e premiados mas deram conta do recado. Os destaques vão para a fotografia de Declan Quinn de “A Ressaca 2” (2015) e suas metáforas imagéticas simples e poéticas. E a Música de Aaron Zigman de “Diário de uma Paixão” (2004).

“A Cabana” é um filme linear, didático, com valores morais e religiosos que se proposita a isso, e o faz bem. Obviamente, é para um público que partilha dessa realidade e desse nicho de vivência, mas a mensagem é universal e num momento político mundial conturbado como o nosso, está valendo e cai como uma luva.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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