A Comunidade

A Comunidade

Por | 2018-06-17T00:30:22-03:00 4 de setembro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Comunidade (Kollektivet) (Drama) Elenco: Ulrich Thomsen, Trine Dyrholm, Martha Sofie Wallstrom Hansen, Helene Reingaard Neumann; Direção: Thomas Vinterberg; Dinamarca/Suécia/Holanda, 2016. 111 Min.

O dinamarquês Thomas Vinterberg, um dos fundadores do movimento Dogma 95 com “Festa em Família” (1998) estreia no circuito com seu mais recente filme. “A Comunidade” é um painel em movimento da ideia de democracia posta em prática a partir das vidas pessoais de seus personagens. E uma viagem pela experiência da convivência humana em toda a sua complexidade de aspectos.

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O roteiro repete a dobradinha de “A Caça” (2012), Tobias Lindholm e o próprio Vinterberg e foi livremente inspirado numa experiência na juventude do diretor em um albergue de estudantes em Copenhage. Contextualizado na década de 70 o filme conta a história da família de Erik (Ulrich Thomsen), um professor de arquitetura e Anna (Trine Dyrholm) um apresentadora de telejornal e sua filha adolescente, Freja (Martha Sofie Wallstrom Hansen). Após se mudarem para um casarão, cujas despesas seriam maiores, o casal decide dividir o espaço alugando-o aos amigos e desconhecidos, selecionados através do processo de entrevistas. Com a condição de formarem uma comunidade onde todas as questões são votadas e decididas por uma maioria. Desde as despesas cotidianas e pequenos consertos, até questões pessoais que interfiram na harmonia do grupo. A vida vai acontecendo com seus imprevistos, até que Erik se apaixona por uma aluna, Emma (Helene Reingaard Neumann). O casamento dos dois já não ia bem e tenta-se uma alternativa dentro do contexto da comunidade. A questão é que quando um membro não está bem afeta a harmonia do grupo. E as reuniões de discussões da questão e as deliberações são um mosaico metafórico sobre como funciona as nossas sociedades. Os arroubos ditatoriais, a reação do quem perde as votações e a inversão da lógica do individualismo. O mais interessante no filme é que os assuntos que são içados a importância de serem discutidos são eminentemente humanos, sobre necessidades subjetivas e  são elevados a status de direitos fatuais, como ser tocado e ser feliz.

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O filme recebeu o Urso de Prata de melhor atriz para Trine Dyrholm no Festival de Berlim e foi indicado ao Urso de Ouro. Falado em Dinamarquês, o longa consegue estar inserido na sua cultura particular e ao mesmo tempo metaforizar inteligentemente o movimento da vida de qualquer cultura com suas camadas de aspectos e complexidades. Aborda a lógica da convivência em grupo e nos mostra a vileza do individualismo, no que tange ao que há de mais pessoal, sem dar lição de moral. “A Comunidade” é um excelente catalizador para desconstruções de egoísmos  padronizados e nos mostra que somos, sim, ditadores. E com um aval de um modus vivendi de uma época e de uma cultura ocidental. A cereja do bolo do filme de Vinterberg é nos mostrar essa dissonância naturalizada de maneira visceral. Sem falar que cai como uma luva para os dias em que vivemos. Pessoal, cotidiano e político ao mesmo tempo. Genial!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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