A Espera

Por | 2017-02-17T11:32:38-03:00 17 de fevereiro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Espera (L’Attesa) (Drama); Elenco: Juliette Binoche, Lou de Laâge; Direção: Piero Messina; Itália/França, 2015. 110 Min.

Baseado na peça teatral do dramaturgo e romancista italiano Luigi Pirandello (1867-1936) intitulada “La Vita che ti Diedi“, “A Espera” é uma obra-prima desde a origem. Dirigido por Piero Messina, tendo no elenco Juliette Binoche e ambientada no século XXI o filme traça um painel tocante do luto de uma mãe.

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Anna (Juliette Binoche) é uma mãe que acaba de sepultar seu único filho. Mora sozinha numa instância erma e desiste de ver a luz do sol. No início do luto recebe o telefonema da namorada de seu filho, Jeanne (Lou de Laâge) que sem saber do acontecido pede para ir visita-lo, uma viagem da França à Itália. Anna, relutante em aceitar a morte do filho,aceita receber Jeanne, que ao chegar é poupada da notícia. Anna faz o que pode para manter o filho vivo através da memória de Jeanne, e a faz esperar por um homem que jamais viria. esse ínterim é o que compõe o recorte de tempo, o passeio pelas relações da mãe com a quase futura nora,  delas com o caseiro Pietro (Giorgio Colangeli) e com uns viajantes que se aproximam em algum momento. O tema principal da história é a vida, aquela que se vive, a que se desperdiça, aquela que se inventa, que se estende, que se ‘estica’. E as metáforas são belíssimas, através de uma paisagem vulcânica, morta e neblinosa, e de conexões geniais, como a da secretária do telefone – com destaque para a cena do colchão inflável – que particularmente, define o filme inteiro.

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Com uma fotografia divina – destaque para a cena dos olhos no escuro – assinada por Francesco Di Giacomo e atuações magistrais de Juliette Binoche de “Ninguém deseja a Noite” (2015), de Lou Laâge de “Agnus Dei” (2016) e uma trilha sonora de arrepiar, o longa-metragem é tecnicamente uma aventura que deu certo. Oriundo de um texto clássico da dramaturgia italiana e com roteirista iniciantes “A Espera” é uma grata surpresa em transmissão de uma mensagem tão subjetiva como o luto de uma mãe e sobre a dor da perda. Piero Messina vem da seara dos documentários tendo no longa-metragem sua primeira experiência com a ficção, no que se saiu muito bem. O filme foi seleção oficial em Toronto,  abocanhou a menção especial do jury no festival de Veneza e o prêmio de melhor atriz para Juliette Binoche no Bari International Film Festival. 

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Como diz o ditado: o mundo é de quem ousa. Escolher uma peça de Pirandello, chamar Juliette Binoche e apostar em roteirista pouco experientes e no primeiro filme de ficção é ter coragem.  Piero Messina teve e deu certo. Vale conferir!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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