‘A Favorita’ e as intrigas palacianas

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‘A Favorita’ e as intrigas palacianas

Por | 2019-01-21T02:46:12-03:00 21 de janeiro de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Favorita (The Favourite); (Biografia/Comédia/Drama); Elenco:Emma Stone, Olivia Colmann, Rachel Weisz;Direção:Yorgos Lanthimos; Irlanda, Reino Unido, USA, 2018. 119 Min.

Yorgos Lanthimos é afeito a trazer temas fortes amenizados por uma abordagem metafórica. Em “A Favorita” ele trabalha brilhantemente as intrigas palacianas e ridiculariza a monarquia através da personagem caricata interpretada por Olívia Colman e, ainda, põe o espectador como uma mosca participando de tudo através dos movimentos câmera. O mais recente longa metragem do cineasta grego é um show de interpretação, roteiro, figurino, figurino e maquiagem.

A escolha do formato em capítulos feita pelos roteiristas Tony McNamara de “A Grande Virada” (2003) e Débora Davis trabalham um tema em cada parte sempre mergulhado no universo feminino do século XVIII e no contexto da monarquia britânica. Uma remanescente de nobres, desterrada e em situação difícil chega ao palácio da rainha Anne (Olivia Colman) para pedir abrigo à prima distante Lady Sarah (Rachel Weisz). Em seguida começa uma disputa pela atenção da rainha Anne e por um lugar ao seu redor. Através da personagem da rainha a monarquia é retirada de seu ‘divino’ e posta no mais bizarro lugar de ignorância, alienação e caprichos. O seu entorno é reduzido a uma rede de intrigas e ao mais vil exercício de sordidez humana.

“The Favourite” (no original) já recebeu cerca de 90 prêmios pela sua produção, abordagem e interpretação venerável de Olivia Colman, entre eles o Globo de Ouro de melhor atriz e 228 indicações mundo afora. Só BAFTA 2019 são 10 indicações. Os destaque vão para a fotografia de Robbie Ryan de “Eu, Daniel Blake” (2016) que nos remete ao longa “Barry Lyndon” (1975) e o figurino da triplamente oscarizada, Sandy Powell por “A Jovem Rainha Vitória” (2009); “O Aviador” (2004) e; “Shakespeare Apaixonado” (1998). Ela, também, marca presença nessa temporada 2018 com o figurino de “O Retorno de Mary Poppins”. Em meio a tudo isso quem rege a orquestra é Yorgos Lanthimos de “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (2017) e “O Lagosta” (2015).

“A Favorita” é um filme que tem um veio artístico inquestionável em relação a sua produção; um veio filosófico em relação ao seu criticismo político e existencialista; e um outro irônico quando critica visceralmente a nobreza de sangue em detrimento da nobreza de alma usando a sordidez e a caricatura. É bem ao estilo “Ligações Perigosas” (1998). “A Favorita” é filme que merece ser apreciado. Agora, só falta sair a indicação ao Oscar 2019.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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