A Festa de Despedida

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A Festa de Despedida

Por | 2015-10-01T04:21:00-03:00 1 de outubro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Festa de Despedida (Mita Tova/The Farewell Party). (Comédia/Drama); Elenco: Ze’ev Revach, Levana Finkelstein, Aleza Rosen, Ilan Dar, Raffi Tavor, Yosef Carmon, Hella Sarjon; Direção: Tal Granit, Sharon Maymon; Israel/Alemanha,2014; 95 Min.

O cinema israelense deu o ar da graça nos festivais de filmes de 2014 e fez bonito com  “A Festa de Despedida” de Tal Granit e Sharon Maymon, que além de dirigirem também o roteirizam, usando o espaço da ágora escura para pensar as questões da eutanásia. A dupla de roteiristas versa sobre a morte digna, o direito da escolha e atravessa questões éticas com muito humor, e o mais importante, ternura.

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Ao contrário do que possa parecer não é um filme pesado, é inclusive, extremamente engraçado. Yehezkel (Ze’ev Revach) é um inventor e é cardíaco, sua mulher Levana (Levana Finkelstein) tem Alzheimer; Yana (Aliza Rosen) tem o marido internado em estado terminal e que pede para que acabem com seu sofrimento. A partir daí Yana procura Yehezkel para ajuda-la. No grupo entra também Dr. Daniel (Ilan Dar) que é veterinário, que chama seu amante Raffi (Raffi Tavor) que é anestesista. Montado o grupo de alívio do sofrimento, a história se desenrola com as questões éticas ( quem vai fazer? como fazer o próprio paciente realizar a ação diminuindo a responsabilidade alheia, o uso da misericórdia e o surgimento de um possível ramo de negócios), a questão da dignidade, do direito de escolha, da administração de um corpo que já não corresponde às necessidades da vida. E faz um link brilhante entre as formas de ver as mesmas circunstâncias de acordo com a idade e com o lugar em que se está; entre o começo da vida e o fim, quando contrapõe a netinha de Yehezkel aos avós brincando.  E tem ainda os únicos idosos saudáveis, que são gays e não se assumem, que mesmo vivendo não o fazem com plenitude.  Todas essas questões aparecem através de conversas e discussões à medida que as situações surgem.

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A menina dos olhos do longa-metragem é a abordagem. O assunto é sério, é tratado com seriedade, mas é envolto numa aura de humor, cuja conexão é o paradoxo de todas as ações humanas. Tudo isso metaforizado através da fotografia de Tobias Hochstein, em que, mesmo o tema sendo lúgubre a fotografia brilha, ela é solar e de uma luminosidade que dá lugar a leveza, a abordagem dos momentos mais mórbidos são cobertos de tons de azul, dando uma sensação de calma e tranquilidade propositais. A música é uma ode à cultura israelense, inserida na trilha sonora original assinada por Avi Belleli da série de TV “Em Terapia”, totalmente filmado em Jerusalém dá contexto ao hebraico ouvido por 95 Minutos.

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Os diretores/roteiristas Tal Granit, marinheira de primeira viagem em longa-metragens e Sharom Maymon, esse premiado em festivais e conhecido por “A Matter of Size” (2009) foram ovacionados mundo afora com o longa. Da Academia de Filmes de Israel receberam os prêmios de melhor ator para Ze’ev Revach; melhor fotografia, melhor maquiagem e melhor música; no Festival de Veneza 2014 o prêmio do público e o Brian award; no Valladolid, melhor filme e mais 11 indicações.

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“A Festa de Despedida” é uma mistura vem sucedida de “Amor” (2012) de Michael Haneke e “O Ciclo da Vida” (2012) de Yang Zhang. Um patchwork maravilhoso para pensar a questão da eutanásia entre lágrimas e gargalhadas, como na vida. Estupendo!

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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