A Garota Desconhecida

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A Garota Desconhecida

Por | 2018-06-17T00:49:44-03:00 22 de fevereiro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Garota Desconhecida ( La Fille Inconnue/ The Unknow Girl) (Drama); Elenco: Adèle Haenel, Olivier Bonnaud, Ben Hamiddi, Laurent Caron; Direção: Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne; Bélgica/França, 2016. 113 Min.

“A Garota Desconhecida” é o mais recente longa-metragem dos irmãos Dardenne. Com aquele jeitão de relatos cotidianos a dupla, que além de dirigir também roteirizou, versa sobre a culpa. Mas, uma culpa gratuita. Aquela advinda da consciência por não ter feito o bem  e não por ter feito o mal. O relato de culpa sem senso é lento, desconectado, irreal, divagativo e, em alguns momentos patológico.Não se acerta em todas, não se vence sempre. Até os bons dão uma ‘derrapada’ , isso faz parte de ser humano. E  parece ser esse o caso do filme de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne.

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Jenny Davin (Adèle Haenel) é uma médica que atende a populares num consultório em um bairro aparentemente perigoso. Certo dia, a campainha tocou depois do horário do expediente e Jenny não atendeu. Veio a saber depois que, a menina que tocara a campainha aparecera morte nas proximidades horas depois. Jenny se preocupa com a averiguação de sua identidade, sepultamento e com a comunicação à família. E passa os dias seguintes se expondo a perigos e tomando decisões profissionais e pessoais em torno do acontecido, numa saga de equívocos desconcertantes e incômodos. O roteiro é muito louco e sem chão, não se sabe nada sobre Jenny, em algum momento o título se confunde com a realidade da própria médica: uma mulher jovem, sozinha, sem família, sem vínculos com nínguém, sem referênciais e sem conexão com nada. Talvez, venha daí  a identificação com a vítima, mas isso não é posto. É uma ilação viajante. Se os Dardenne quiseram traçar perfis diferentes de indigência emocional,  ou dissertar  sobre a falta de lógica do cotidiano associado às  dissonâncias da personalidade humana,  conseguiram. Mas de uma forma cansativa e enfadonha.

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Depois de “Dois Dias, Uma Noite” (2014) em que os irmãos dissertam sobre a saga de uma mulher que precisa do apoio dos colegas de trabalho para não ser demitida, numa remetência ao que acontece na Europa na implementação das políticas neoliberais,  em “A Garota Desconhecida” a argumentação não chega nem perto. Estrelado por Adèle Haenel de “Amor à Primeira Briga” (2014), que se esforça, o longa pode ser defendido pela fotografia que é assinada por Alain Marcoen de “Dois Dias, Uma Noite”.

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Todo titã tem seu dia de cão. Talvez seja esse o caso dos Dardenne. Porém,  como ‘toda unanimidade é burra’ há sempre espaço para os admiradores das dissonâncias da alma, discrepâncias de atitudes e supervalorização das incoerências. Para esses a aventura valerá a pena.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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