A Garota Dinamarquesa

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A Garota Dinamarquesa

Por | 2018-06-17T00:16:23-03:00 12 de fevereiro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Garota Dinamarquesa ( The Danish Girl). Elenco: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw; Direção: Tom Hooper; Reino Unido/USA/Bélgica/Dinamarca/Alemanha, 2015. 119 Min.

Baseado no livro homônimo de David Ebershoff, “A Garota Dinamarquesa” se propõe a colocar as questões relativas a gênero na mesa de discussões. O longa dirigido por Tom Hooper é ambientado na Copenhagen de 1926 e conta a história de um dos primeiros transgêneros operados do mundo Einar Wegener/Lili Elbe, um artista plástico reconhecido que decide exteriorizar a sua alma para além da vestimenta de gênero. Casado com a também artista plástica Gerda Wegener os dois enfrentaram uma verdadeira odisseia médica, social e emocional para ver realizado o sonho de Wegener de ser quem realmente era.

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No início do século XX, um casal de artistas plásticos, Einar (Eddie Redmayne) e Gerda (Alicia Vikander) tentam sobreviver de seus quadros. Com uma relação sólida e harmônica e com muito despojamento e humor, Gerda, certo dia, pede que o marido pose para ela, enquanto pinta uma de suas telas. A imagetização da identificação de Einar faz uma viagem quase que encarnatória pela alma de Einar/Lili. A grandeza de “A Garota Dinamarquesa” está aí, na imagetização desse autoconhecimento, nas camadas de verniz social a que o casal tem que se despir e na dor da dicotomia entre o rótulo do corpo e o grito da alma. Além da jornada médica, é claro. A história é uma ficção baseada em fatos reais.

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Quanto as tecnicalidades, Eddie Redmayne está estupendo. Mas quem faz a costura da história toda e dá o tom emocional e o fio condutor do roteiro é Alicia Vikander de “Ex- Machina: Instinto Artificial” (2015). Outro destaque é a personagem de Matthias Schoenaerts de “Ferrugem  e Osso” (2006) – que é fictício – mas que pontua muito bem a diferença natural da virilidade e da masculinidade com a leveza e a graça, também naturais de Lili e ambos em um corpo masculino. O longa possui cenas e analogias imagéticas que equivalem a discursos inteiros. Para finalizar, o figurino de  Paco Delgado é um desfile de bom gosto e diversidade de estilos de uma Europa do início do século XX.

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“A Garota Dinamarquesa” se impõe mais como uma obra artística de cinema em tempos de discussões de questões de gênero do que ideológica. Tem estofo para fazer pensar e camadas a serem discutidas por horas a fio. Pudera, Tom Hooper é um diretor reconhecido e competente oscarizado por “O Discurso do Rei” (2010) e conhecido por “Os Miseráveis” (2012). O longa iça, ainda, Alicia Vikander a uma atriz de porte. Por conta disso tudo quatro indicações ao Oscar já fazem parte do currículo do filme. Dentre eles um para Eddie Redmayne, que esteve melhor como Stephen  Hawking em “A Teoria de Tudo” (2014) e por tal já levou seu Oscar; e outro para Alicia Vikander. Se vai levar ou não é outra história, mas que mereceu, lá isso mereceu.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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