A Incrível História de Adaline

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A Incrível História de Adaline

Por | 2018-06-16T23:54:01-03:00 24 de maio de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Incrível História de Adaline (The Age of Adaline). (Drama/Romance); Elenco: Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford; Direção: Lee Toland Krieger; USA, 2015. 112 Min.

Oscar Wilde dissertando sobre as possibilidades da eternidade escreveu “O Retrato de Doryan Gray”, em que um indivíduo mantinha-se jovem e quem envelhecia era o seu retrato em tamanho natural escondido a sete-chaves. Em “Highlander”, Connor MacLeod (Christopher Lambert) era um guerreiro imortal que acumulava conhecimentos e sobrevivia a seus entes-queridos, embalado pela música de Bryan May “Who Wants to Live Forever”. Essas são apenas algumas das abordagens conhecidas levantadas por nós, mortais, fabulando sobre a possibilidade da eternidade. “A Incrível História de Adaline” engrossa a fileira das dissertações sobre o cotidiano de alguém que cai nesse turbilhão que fascina a todos os setores de nossa vida, da medicina às artes.

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Adaline Bowman (Blake Lively) é mais uma menina dentre tantas outras, com uma vida normal, até se deparar com a impossibilidade de envelhecer. Vê seus entes-queridos morrerem, acompanha contemporaneamente momentos importantes da história da humanidade, mas vive fugindo. Foge da vida, dos amores, dos amigos, das autoridades, para que não descubram seu dilema. A roteirização de J. Milles  Goodloe  de “Melhor de Mim” e Salvador Paskowitz abarca o calvário da eternidade e encontra no amor a redenção para todos os males, no melhor estilo Nicholas Sparks. A participação de Harrison Ford como William Jones, confere um peso comercial a obra, que tem uma abordagem bem cuidada. O uso do insólito, do inusitado e do sobrenatural se insere numa fabulação científica  e sociológica/psicológica que transforma o processo de envelhecimento numa benção.

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Porém, a menina dos olhos de “A Incrível História de Adaline” é o figurino. Assinado por Angus Strathie, oscarizado por “Moulin Rouge”, faz uma viagem pela história e suas épocas. O diretor Lee Toland Krieger  não é tão conhecido. Jovem, ganhou o prêmio de melhor cineasta emergente no Festival de Filmes de Denver por “The Vicious Kind” (2009). A trilha sonora ficou com Rob Simonsen de “Foxcatcher: Uma história que Chocou o Mundo”, só faltou a música do Bryan May.

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E por falar em aspectos não tão positivos, a narrativa de Hugh Ross explica demais, pontua demais, fecha demais e tira a possibilidade de fabulação do espectador com seu repertório e suas redes, de inserir explicações suas e devanear na história. J. Milles Goodloe, quando fecha as explicações na ciência, tira o espaço da fábula, do fantástico, do mágico, da espiritualidade, da metafísica, do extraordinário e do que mais o repertório do espectador alcance.

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O Filme de Lee Toland Krieger é uma reflexão sobre o processo de envelhecimento. Mais do que aceitar a maturidade  se deseja isso, se faz enxergar a importância da finitude. Afinal é uma história de amor em que o felizes para sempre é contrariado, tudo o que se quer é envelhecer juntos… Nunca um fio de cabelo branco foi tão bem-vindo.  Num mundo em que estamos envelhecendo com qualidade é, no mínimo, uma reflexão interessante. Assertivo e divertido!

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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