Alice Através do Espelho

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Alice Através do Espelho

Por | 2016-06-01T05:20:16-03:00 1 de junho de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Alice Através do espelho (Alice Through the Looking Glass) (Aventura/Fantasia/Família); Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Sacha Baron Cohen, Alan Hickman; Direção: James Bobin; USA, 2016. 113 Min.

Mais de cento e quarenta anos da primeira publicação do livro Alice no País das Maravilhas escrito por Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll, a história ainda faz um imenso sucesso e tem desdobramentos. Seja na literatura, no teatro, no cinema ou em outras mídias a história da menina que metaforiza uma ode a transgressão da ordem instituída no modo de pensar, de viver e de ser é bastante atual. Desde 2010 o cinema é o nicho de divulgação dessa aventura com o filme homônimo dirigido por Tim Burton e agora, o seu desdobramento “Alice Através do Espelho” dirigido por James Bobin. Nele, Alice retorna a Wonderland para correr contra o tempo na ajuda a a seu amigo Chapeleiro Louco que está deprimido. Sem grandes novidades o longa metragem tem como primor diálogos precisos, muito bem trançados com uma polissemia gostosa para quem gosta de um bom jogo de palavras.

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O ano é 1875 e Alice (Mia Wasikowska) levou a diante a proposta de seu novo sócio nas empresas de seu pai e tornou-se capitã de um navio, numa atitude eminentemente feminista ou afrontadora para a época. Ao retornar é avisada por ABsolen (Alan Rickman) que o Chapeleiro Louco (Johnny Depp) precisa de sua ajuda, e tendo como portal espelhos, Alice retorna para tentar tirar o Chapeleiro Louco de uma depressão por conta do desaparecimento de sua família pelas mão da Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter). Para evitar que o desaparecimento aconteça Alice terá que se apossar da cronosfera e voltar no tempo. E é aí que a história se torna extraordinária com sua nuances matemáticas, como em todas as histórias de Alice (Lewis Carrol era matemático), com camadas semânticas distintas e sobrepostas, raciocínios lógicos e remetências filosóficas e poéticas em relação ao tempo. “Alice Através do espelho” dentre outras coisas, é uma dança de palavras e suas múltiplas significações e contextos de abordagens, um show de inteligência e do bom uso da lógica com muita rapidez e humor.

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Sem dúvida, o mote do longa são os diálogos, num roteiro escrito por Linda Woolverton, que tem no currículo “Alice no País das Maravilhas” (2010) e “Malévola” (2014), dentre outros. Na direção o inglês James Bobin de “Muppets” (2011/2014) que orquestra uma obra que tem como maestria a manutenção da sintonia com o longa anterior, no estilo, nas cores e na assinatura plástica de Tim Burton, que aliás, é o produtor. Destaques também, para a direção de arte, figurino e maquiagem, que mantem-se com  a mesma equipe de filme de 2010. Como se diz por aí: “em time que está ganhando não se mexe”. Já em relação a Johnny Depp está mais que óbvio que a seara do moço é mesmo os personagens caricatos, desde “Edward Mãos de Tesoura” (1990) passando pelo Capitão Sparrow da franquia “Piratas do Caribe” e Mordecai (2015), não tem jeito. E o Chapeleiro Louco é seu troféu.

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Enfim, “Alice Através do Espelho” é uma continuação fiel à versão Tim Burton sem nada a acrescentar. O que ao invés de ser um desabonador de conduta é a prova de um trabalho competente de arte e de adaptação de uma literatura que tem mais de um século. Para quem gosta de fantasia com um pouco de Filosofia sobre o tempo tendo como tema a família é uma boa pedida.

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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