Amante Por Um Dia (L’Amant d’un Jour/Love for a Day) (Drama); Elenco: Loiuse Chevillote, Éric Caravaca, Esher Garrel; Direção: Philippe Garrel; França, 2017. 76 Min.
Sem criar juízo de valor, diretor e roteiristas desenham um painel de exercício de sexualidade de duas gerações com três versões diferentes de relacionamento, atravessado pelo conceito de fidelidade. Impossível não fazer uma ponte com as ideias de Simone de Beauvoir, já que “Amante por Um Dia” (versão brasileira) traz como personagens principais duas mulheres de mesma geração com posturas morais e éticas diferentes em relação ao exercício de suas sexualidades que se completam em seus antagonismos.
Ariane (Louise Chevillote) é uma estudante com atitudes livres e descompromissadas em relação a viver sua sexualidade, tendo um conceito bastante flexível de fidelidade. Jeanne (Esther Garrel) é filha de um professor de Filosofia e acaba de terminar uma relação amorosa e sofre por isso. Sem ter para onde ir pede asilo ao pai, Gilles (Éric Caravaca) que tem como mulher Ariane. As duas desenvolvem uma amizade descobrindo e encobrindo segredos uma da outra. Atravessado nessa história, Gilles, que é de outra geração, logo com outros valores e exercício destes, diferentes das duas. Mas, como professor de Filosofia vive uma coisa na teoria e outra na prática. Essas três histórias se entrelaçam sem nenhum julgamento ou lição de moral, sendo apenas um painel de existência humana.
O longa dirigido por Philippe Garrel, conhecido por “À sombra de uma mulher” (2015), “Amantes Constantes” (2008) e “Inocência Selvagem” (2001); e roteirizado por quatro cabeças, dentre elas Jean-Claude Carrière de “A Insustentável Leveza do Ser” (1988) e Ariette Logman de “Germinal” (1993) tem como ponto forte a abordagem e a fotografia em preto e branco assinada por premiado Renato Berta de “Adeus, Meninos” (1997) – César – e “Noi, Credivamo” (2010) – Davi awards – que traz um ‘q’ de nostalgia. ” A Amante de Um Dia (tradução livre) foi laureado com SACD Prize no Festival de Cannes para Philippe Garrel e o melhor filme não lançado – à época – na Sociedade Cinéfila Internacional.
Dedicado ao ator Maurice Garrel (1923-2011), pai de Philippe e estrelado por Esther Garrel, filha do diretor, apresentando a disnastia Garrel e mostrando que quem sai aos seus não degenera. “L’Amant d’un Jour” (no original) pode ser categorizado como relatos dos cotidianos e não emite juízo de valor, apenas conta uma história e deixa as considerações nas mãos do espectador. Mais apropriado a um público que curta filosofia existencialista, o longa é artisticamente nostálgico e segue a linha de Garrel. Para os fãs do cineasta é uma boa pedida.
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