As Memórias de Marnie

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As Memórias de Marnie

Por | 2018-06-17T00:08:42-03:00 17 de novembro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

As Memórias de Marnie (Omoide no Mâni/When Marnie was there). (Animação/Drama/Família); Elenco: Sara Takatsuki, Kasuni Arimura, Nanako Matsishima, Susumu Terajima; Direção: Hiromasa Yonebayashi; Japão, 2014. 103 Min.

O Studio Ghibli’s é um respeitado produtor de animações japonesas criado em 1985 pelos diretores Hayao Miyazaki e Isao Takahata, sediado em Tóquio, Japão. De lá saem as grandes animações japonesas conhecidas e premiadas no mundo todo. O Ghibli’s é o único estúdio de desenhos animados que ganhou um Oscar com um animação não versada em lingua inglesa – “A Viagem de Chihiro” (2003) de Hayo Miyazaki. Foi de lá que saiu “Memórias de Marnie” de Hiromasa Yonebayashi, que versa sobre negligência infantil. “When Marnie Was There” (na versão em inglês) não é para crianças, é sobre crianças.

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Anna Sasaki (Sara Takatsuki voice) é uma menina que se descobre adotada. É bem tratada, é amada por sua mãe adotiva, mas fica sabendo que ela recebe um valor monetário do governo para cuidar dela. Com problemas  respiratórios, Anna é enviada a casa de uma tia, num lugar de ar puro para melhorar de saúde. Sempre sozinha e avessa à pessoas, Anna se encanta com um casa abandonada do outro lado do pântano. Lá descobre uma menina, também solitária e ficam amigas. A animação faz desse argumento uma jornada entre imaginação e realidade, entre resgate espiritual dos ascendentes e amadurecimento pessoal e social de Anna, no melhor estilo japonês. Com desenhos singelos e tradicionais, sem apelar para animes ou CGI.

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Hiromasa Yonebayashi, juntamente com seus roteiristas fazem um passeio pela alma de uma criança negligenciada. Mas, não só, pela do negligenciador também. Fazendo um trançado com questões da vida adulta, os imprevistos e as necessidades emocionais de uma criança. Legendado, longo para uma animação sem atrativos modernos (já que estamos condicionados) e com idas e vindas no roteiro, para enfatizar alguns aspectos, “As Memórias de Marnie” ou em tradução livre “Quando Marnie esteve aqui” é uma boa pedida para refletir a relação pais e filhos, sob a ótica da criança.

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Premiado pelos juris do festival de Seattle e TIFF (Toquio International Film Festival) e indicado ao prêmio de melhor animação pela Academia do Japão e no Jerusalém Film Festival, a mais recente animação dos estúdios Ghibli’s tem como primor o roteiro e a direção de arte. Baseado no romance de Joan G. Robinson os roteiristas Keiko Niwa de “Da Colina Kokuriko” (2011), o novato Masaki Ando e Hiromasa Yonebayashi fizeram bonito costurando a história de uma forma que nem de longe qualquer um de nós imaginaria o final que é apresentado. Absolutamente surpreendente e espetacular. A direção de arte  é de Yonei Taneda, o produtor de designer de “Kill Bill: Volume I” (2003) e “Os 8 Odiados” o mais recente filme de Tarantino .  A produção para a versão japonesa é de Yoshiaki Nishimura de “O Conto da Princesa Kaguya” (2013) pelo qual foi indicado ao oscar. Na direção Hiromasa Yonebayashi que é ninguém menos que o animador que deu vida a “A Viagem de Chihiro” – a oscarizada animação. Enfim, o crème de la crème de profissionais japoneses estão presentes em “As Memórias de Marnie”.

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Mais voltado para o público que curte mangás e desenhos animados orientais, “Omoide no Mâni” (no original) dá conta do recado sem abandonar o velho estilo japonês de contar histórias. Para não dizer que não abriram mão de nada – como foi o caso de “O Conto da Princesa Kaguya” –  a animação é embalada pela  música ocidental de Priscilla Ahn “Fine On The Inside”. Para quem gosta do estilo vale o ingresso.

  • Estreia prevista para 19/11/2015.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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