As Mil e Uma Noites: Vol 3, O Encantado

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As Mil e Uma Noites: Vol 3, O Encantado

Por | 2017-01-03T03:24:32-03:00 3 de janeiro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

As Mil e Uma Noites: Vol 3, O Encantado (Drama); Elenco: Crista Alfaiate, Américo Silva, Amar Bounachada; Direção: Miguel Gomes; Portugal/França/Alemanha/Suiça, 2015. 125 Min.

Nessa parte Miguel Gomes pega leve em relação aos aspectos políticos e sociais e mergulha na estrutura da história de Xerazade e nos aspectos culturais da população: a vida nas quintas, os criadores de pássaros e faz um alerta econômico em forma de poema metaforicamente sombrio. A saga vai se tornando mais lenta, mais divagativa e mais poética.

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Em “Xerazade” os roteiristas se detêm na forma de pensar das mulheres e de ver o mundo, através da personagem da contadora de histórias. Em “O Inebriante Canto dos Tentilhões” as fabulações são sobre mentalidade e sobre uma forma de viver que beira a extinção e fecha sua viagem por um espaço/tempo de um ano  de forma subjetiva, silenciosa e de alerta. Com “Floresta Quente” quase que grita: Cuidado: os chineses vem aí !!! mostrando uma manifestação violenta organizada pelo sindicato dos seguranças embalados por “Perfídia” de Alberto Domingues interpretado pelo trio Los Panchos, em slow motion com uma narrativa em off de uma chinesa que conta sua história de amor e tragédia com um português abastado.

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A primazia de “As Mil e Uma Noites: Vol 3, O Encantado” estão na música, no som e no s silêncios. A sensação deslocada que a música proporciona nas condições em que é posta e na narrativa escrita que obriga o espectador a esquecer a imagem e ficar com o canto dos tentilhões. E a música brasileira mais uma vez é premiada com “Fala” interpretada por Secos & Molhados e  “Samba da Minha Terra” de Dorival Caymmi. Em tempo: “Floresta Quente” em termos metafóricos, possivelmente, seja o melhor episódio de toda a trilogia.

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Essa obra-prima de Miguel Gomes dividida em três partes e de abordagem extensa e ousada é para poucos olhos. Os cinéfilos de plantão, os sociólogos, os antropólogos, historiadores, contadores de histórias  e todos os que gostam de divagações em que os diálogos sejam a base do que se quer desenhar, vão saber aprecia-la. Sem efeitos especiais, sem trilha sonora estardalhaçante ou emotiva, com uma fotografia singela e simples do tailandês Saymbhu Mukdeeprom, muitas histórias para contar e, igualmente, muitas analogias para fazer a trilogia “As Mil e Uma Noites” do diretor português Miguel Gomes vale mais do pesa. E o motivo peloo qual tudo isso foi feito, o próprio diretor explica no início da saga, no volume 1: para sobreviver e porque não poderia se furtar de, tendo o privilégio de trabalhar no que gosta, num contexto tão conturbado na política do país, ficar alheio a tudo isso. Como vemos a missão foi cumprida e bem.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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