‘Aspirantes’ – um painel do cotidiano

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‘Aspirantes’ – um painel do cotidiano

Por | 2019-11-28T21:08:48-03:00 28 de novembro de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Aspirantes (Holpfuls) (Drama); Elenco: Ariclenes Barroso, Sergio Malheiros, Julia Bernat, Karine Teles; Direção: Ives Rosenfeld; Brasil, 2015. 72 Min.

Estamos acostumados à versão dos vencedores e nos esquecemos que o outro lado também tem sua história. Recentemente, um longa-metragem uruguaio “Meu Mundial – Para vencer não basta jogar” (2017) abordou o viés de uma história que não tem o desfecho que se espera, mas que nem por isso deixa de ser história e de ter o seu valor. Por vezes, até maior do que aquele a que estamos acostumados. Agora, dentro do mesmo contexto – o futebol – o filme “Aspirantes” de Ives Rosenfeld que conta a história de dois jovens que sonham com um futuro de sucesso e que lutam para conquistar esse espaço. A questão é a diferença de caminhos escolhidos para tal.

“Aspirantes” aborda um recorte de tempo na vida de Júnior (Ariclenes Barroso) e Bento (Sérgio Malheiros) e suas realidades periféricas, suas dificuldades de sustento, de oportunidades e de formas de encarar as oportunidades e também de aproveita-las. Meninos pobres de periferia, Bento tem talento, é despojado, sagaz, simples, precavido, não se prende a nada que o prenda. Preza pelas amizades e é solidário. Júnior – como o nome metaforiza – é o duplo menor de alguém, que tem dificuldades familiares, é desprecavido, tem muita vontade de realizar seus intentos, mas não tem assertividade ou confiança em si. Esses dois personagens quase que resume tipos de pessoas dentro de uma mesma realidade. A história não tem um começo específico ou um final delimitado, tudo é posto e determinado pelo espectador. O longa parece um piloto de série em que se registra um contexto, uma circunstância e insinua continuidade.

Ives Rosenfeld conhecido pelo curta “O dia em que não matei Bertrand” está dirigindo seu primeiro longa-metragem e o roteirista Pedro Freire de “Os Canalhas” (2013) é oriundo de séries de TV. A dupla com “Aspirantes” abocanhou vários prêmios em festivais incluindo o Festival do Rio 2015. O cenário é a cidade litorânea de Saquarema no Estado do Rio de Janeiro, o time é Bacaxá, e tem em seu elenco Sergio Malheiros , o menino Raí, de “A Cor do Pecado” (2004)

O longa parece uma obra experimental que registra cotidianos e que tem como principal tema o futebol. Para quem é fã do esporte e faz associações entre futebol e cinema é uma boa opção e para quem gosta de relatos e possibilidades de cotidianos também.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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