Assim é a Vida (Le Sens de la Fête) (Comédia); Elenco: Jean-Pierre Bacri, Jean-Paul Rouve, Gilles Lellouche, Susanne Clèment; Direção: Eric Toledano & Olivier Nakache; França/Canadá/Bélgica, 2017. 117 Min.
“Assim é a Vida” é um filme francês, dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano. Os mesmos diretores dos memoráveis “Os Intocáveis” (2011) e “Samba” (2014). A dupla mantém a mesma pegada de amor à vida, de busca de felicidade e alegria, mesmo quando os prognósticos não colaboram. Usando uma festa de casamento num castelo medieval patrocinado por uma família importante como metáfora para a vida, Nakache e Toledano apresentam os bastidores da festa e sua organização num tom de comédia, num nível impagável e com uma lição despretensiosa no final.
Max (Jean-Pierre Bacri) é um organizador de banquetes que fora contratado para fazer uma festa de casamento. Controlador contumaz e perfeccionista, ele se vê em ‘palpos de aranha’ quando se dá conta da falta de preparo de seus contratados. O equívoco de mensagens, dispensas infundadas, comida estragada, argumentos chochos para não usar uniforme de ‘lacaio’, a leitura dos códigos comportamentais por quem está se inserindo na cultura, muito bem costurada com a dupla de indianos – a metáfora do olhar de fora, das diferenças de significações – o estrelismo do DJ (Gilles Lellouche); enfim, uma bagunça generalizada que rende muitas gargalhadas. A sacada de Nakache e Toledano é enfatizar diferenças, vaidades, fraquezas, personalidades, situações e momentos da vida num mesmo tempo e espaço, e ali apresentar a vida com sua procedências e patetices, sua maestria e fragilidade, nossa impotência, e ainda, ousa nos sugerir o que faria diferença. A cereja do bolo está nos diálogos e takes.
A grandiosidade de “Assim é a Vida” está no roteiro e suas camadas de significações. Escrito pelos diretores, o longa não perde em nada o frescor que tem “Os Intocáveis”, em que um cuidador de um cadeirante de outra classe social e com uma bagagem cultural diferente apresenta a vida e a alegria a este através da simplicidade do cotidiano e sua possibilidades de inferências; e “Samba” em que um imigrante nigeriano na França retira de cada momento e de cada oportunidade a possibilidade de sorrir e ser feliz. Em “Assim é a Vida” quem ri é o espectador de uma história simples. Mas a forma com a qual é construída faz toda a diferença. A fotografia é vivaz, clara, brilhante e é assinada por David Chizallet de “Cinco Graças” (2015). O filme foi indicado ao Goya e ao Lumière, dois dos mais importantes prêmios europeus.
“O Sentido da Festa” em tradução livre, diverte, chama a atenção e faz refletir, tudo na dose certa e sem forçação de barra. O mais recente longa-metragem de Olivier Nakache e Eric Toledano é um típico filme francês de final de semana e que vale muito a pena ser visto.
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