Até que a casa caia. (Drama); Elenco: Marat Descartes, Vírgínia Cavendish, Emanuel Lavour, Marisol Ribeiro; Direção: Mauro Giuntini; Brasil, 2015. 85 Min.
“Até Que a Casa Caia” é um filme nacional que aborda o conflito ético interno e os novos arranjos familiares. Dirigido por Mauro Giuntini foi exibido no Festival de Montreal (Canadá) e no Festival de Brasília. Rodado na capital brasileira tem argumento político contextualizado com os nossos dias e divaga competentemente sobre educação de filhos, corrupção e ética.
Rodrigo (Marat Descartes) é um professor que dá aulas para Jovens e Adultos. Casado com Ciça (Virgínia Cavendish), que dá consultas astrológicas e faz mapas astrais em casa, vive numa relação morta. Os dois estão sob o mesmo teto por questões financeiras, mas não são conflituosos. O filho Mateus (Emanuel Lavour) é um adolescente que adora vídeo-games e cursa ensino médio. Um dia Rodrigo teve a brilhante ideia de redigir um texto pedindo ajuda de um deputado para as questões da educação de Jovens e Adultos e foi cooptado para redigir os projetos de leis do parlamentar. No congresso começa a se relacionar com a secretária do gabinete, Leila (Marisol Ribeiro), e é aí que a história começa pra valer, com a relação entre Leila e a família de Rodrigo, o trabalho como assessor do deputado e o filho assistindo a todas essas mudanças e se enquadrando a seu modo.
O argumento e roteiro são de Aleksei Abib e Lu Teixeira e fazem um passeio por questões subjetivas como a ética, o preconceito, a reestruturação familiar e o conceito de liberdade em tempos capitalistas, no contexto de uma política de botequim. E faz tudo isso brincando (no bom sentido) com os acontecimentos do cotidiano. O filme é uma versão light de “Casa da Mãe Joana” de Hugo Carvana, pegando leve no riso e mais voltado para a reflexão, com um leque de abordagens suaves e cheio de conversas. A ironia e o paradoxo são ingredientes que entram na receita, quando um professor dá aulas com um nariz de palhaço, e um pai que aceitando propina para fazer projetos de leis que não sairão do papel, dá uma bronca no filho e o põe de castigo por vender joguinhos piratas na porta da escola.
O diretor Mauro Giuntini de “Simples Mortais” (2007) vem do nicho dos curtas metragens, documentários e algumas realizações com vídeo experimentais. As atuações de Marat Descartes de “Quando eu era vivo” (2014) e Virgínia Cavendish de “Califórnia” (2015) estão primorosas. Mas para o conjunto da obra fechar redondinho a trilha sonora de Patrick Jonger de “meus Pais” (2011), que ganhou o troféu Candango no Festival de Brasília e a edição de Willem Dias de “os Matadores” (1997) – Kikito de ouro em Gramado – fazem do filme uma obra harmônica e suave.
“Até Que a Casa caia” é uma metáfora sobre as desconstruções do que acreditávamos, pelo movimento da própria vida. E registra o pouco que se pode fazer com o que se tem à mão, administrar. É uma boa pedida para quem gosta de filme nacional que faz pensar.
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