‘Aves de Rapina’ o coringa de saia

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‘Aves de Rapina’ o coringa de saia

Por | 2020-02-07T21:24:29-03:00 7 de fevereiro de 2020|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn) (Ação/Aventura/Crime); Elenco: Margot Robbie, Rosie Prez, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ella Jay Basco, Ewan McGregor; Direção: Cathy Yan, 2020. 109 Min.

Quem quiser saber como contar uma história como a do Coringa com questões relativas à saúde mental e afins, no universo de Gothan City sem ter a sensação permanente de incômodo, como o longa do Rei do Crime de Gothan provocou propositamente, e ao contrário, se divertir bastante -mesmo que isso não signifique que não haja espaço para reflexões – assista a “Aves de Rapina”.

Arlequina é mais recente vilã do Universo DC. Surgiu na série animada para TV em 1992 no episódio “Joker’s Favour”, foi para as Histórias em Quadrinhos (HQs) em 1993 e incluída oficialmente no Universo da DC Comics em 1999. Em sua maioridade ganha um longa-metragem para chamar de seu depois de ter aparecido com sucesso em “Esquadrão Suicida” (2016). Hoje perfila entre as vilãs femininas do Batman juntamente com Hera venenosa e a Mulher Gato. Psiquiatra do Asilo Arkhan, onde o Coringa e sua mãe tiveram internados, A P.H.D Harley Francis Quinzel sucumbiu aos seu problemas de infância e questões não resolvidas após iniciar um romance com Joker se transformando em Harley Quinn – Arlequina -. A narrativa do longa “Aves de Rapina” passa por alguns episódios de sua vida, inspirados em “Mad Love” de The Batman Adventures (1994) e se estabelece a partir do rompimento com Coringa. Mas, outros ingredientes são acrescentados.

Na versão da emancipação fantabulosa de Arlequina tem-se três gerações de mulheres de classe e formações diferentes lutando contra os homens e seus abusos de poder. Renee Montoya (Rosie Perez), uma policial, madura, experiente e desacreditada pelo sistema; a caçadora (Mary Elisabeth Winstead) de classe social favorecida e que teve sua família assassinada; Canário Negro (Jurnee Smollet-Bell) uma cantora da noite que é obrigada a fazer outras atividades por seu patrão; Cassandra Cain (Ella Jay Basco) um menina de 12 anos órfã e que já é vítima de uma sociedade machista e misógina e; Arlequina (Margot Robbie) que tenta ser respeitada no submundo sem a proteção do Coringa. O quarteto é responsável pela constituição da trama que consiste em achar um diamante de 20 quilates cuja estrutura guarda o mapa da fortuna da família da caçadora.

A estrutura artística do longa é uma mistura de HQs com audiovisual e uma narrativa esquizofrênica de Arlequina, suas ironias, seus deboches e suas provocações – Vide a hiena chamada Bruce (Está no trailer 2) -. A direção é feminina. Cathy Yan de “Dead Pigs” (2018) fez a máquina funcionar como um relógio suiço. A edição – grande responsável pelo ritmo e pela pegada do longa – é assinada por Jay Cassidy de “Trapaça” (2013). A trilha sonora ficou sob a batuta de Daniel Pemberton de “Homem-Aranha no Aranha verso” (2018) e a fotografia sensacional e bipolar é de Matthew Libatique de “Mother!” (2017). Quem produziu foi a própria Margot Robbie. Nada melhor que trabalhar com liberdade, não é não?

Em suma, é uma produção baseada nos personagens da DC, traz uma abordagem feminina e feminista como em “Ghostbusters” (2016) recheada de piadas, indiretas, chistes, ironias e deboches que, analisadas com um olhar mais demorado, também servem para trazer reflexões sobre questões sexistas, sem deixar de divertir e muito. Diferente de “Coringa” (2019) os nerds vão adorar.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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