Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível

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Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível

Por | 2018-05-31T18:26:28-03:00 22 de abril de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível (Documentário); Direção: Alexandre Bouchet; Locução: Roberto Frota; Brasil, 2017. 70 Min.

Impossível não ressaltar a ironia do título que nos chama, automaticamente, para os sonhos e milagres de acordo com o nosso arcabouço de imaginário social e literário. “Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível” é a radiografia de tudo o que há de mais arbitrário e vil. Um mosaico da maldade e da crueldade humana. Isso não só em relação às pessoas e suas conexões de sociabilidade e exercício de poder, mas em relação ao meio ambiente.

Belo Monte é uma obra polêmica desde sempre. Pelo impacto ambiental, pelo tanto de prejuízos humanos (deslocamento de populações, aí incluídos os indígenas) em contraponto com os benefícios que trará para o pais – geração de energia. Não é a primeira vez que Altamira esteve sob os holofotes do cinema. Em 1989 Neville D’Almeida em seu documentário “Encontro Amazônico” já registrava o embrião de toda essa celeuma. O Viés condutor foi o protesto dos Kaiapós contra o projeto do BIRD de financiamanto de cinco barragens hidrelétricas a serem construídas no Pará. Em 2012, André D’Elia dirigiu “Belo Monte: Anúncio de uma Guerra” e, em 2016 Todd Southgate dirigiu “Belo Monte: After the Flood”, todos documentários produzidos pelo Brasil. Agora é a vez de Alexandre Bouchet dirigir outra obra sobre a questão. Nesta o viés é jornalístico, traz informações e procura se isentar de criar juízo de valor, mas chama os indígenas de invasores um tanto número de vezes e com tanta ênfase, que tem-se a impressão da continuação irônica do título, só faltou as aspas.

Alexandre Bouchet tem no currículo a produção de dois documentários. “Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível” é sua primeira direção. Com locução de Roberto Frota e texto de Edison Martins, o documentário é um registro de confrontos de interesses. Um painel do crescimento da miséria e um mosaico de nossas ruindades, de nosso egoismo, falta de senso e ganância. Para não falar da tolice de se destruir o único lugar que podemos, até então, viver: o planeta. O que pode parecer engajamento, mas é apenas bom senso.

“Belo Monte: Um Mundo Onde Tudo é Possível” é mais um filme sobre questões ambientais, conflitos de terras e ideológicos. E que mapeia quem somos nós e do que somos capazes por pura ganância e ignorância.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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