Berenice Procura (Crime/Drama/Mistério); Elenco: Claudio Abreu, Eduardo Moscovis, Valentina Sampaio, Vera Holtz, Carol Marra; Direção: Allan Fiterman; Brasil, 2017. 90 Min.
Baseado no livro homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza, o filme dirigido por Allan Fiterman traz para a telona o cenário do Rio de Janeiro e o submundo de Copacabana no estilo Nelson Rodrigues, com cotidiano familiar e desvios de conduta. O longa é uma ode aos instintos humanos.
Berenice (Claudia Abreu) é uma dona de casa , mãe de família que resolve ser taxista em Copa. Casada com um jornalista Domingos (Eduardo Moscovis) tem um filho adolescente, Tiago (Caio Manhente) que é admirador da transgenero Isabelle de Lux (valentina Sampaio) que aparece morta na praia de Copacabana. A partir daí a história se desenrola tendo como fio condutor uma investigação policial com pitadas de mistério e muita reflexão sobre a hipocrisia humana.
Luiz Alfredo Garcia-Roza é um escritor brasileiro conhecido por “O Silêncio da Chuva” (1996) pelo qual ganhou o prêmio Jabuti de literatura. É o criador da personagem Spinoza o incorruptível delegado e o seu braço direito Weber – uma versão abrasileirado de Sherlock Holmes e Watson) que estão presente em todos os seus romances, menos em “Berenice Procura”. Aqui quem ajuda a desvendar o caso é Berenice. Tendo com característica de sua obra desfechos abertos a interpretações e ilações, Garcia-Roza é respeitado em seu estilo pelo diretor Allan Fiterman que circunscreve a história num circulo pequeno – núcleo de Berenice e ao da boite – e a contextualiza em copacabana. Oriundo de séries de TV e mais conhecido por “Living the Dream” (2006) e “Embarque Imediato” (2009), juntamente com a roteirista Fávia Guimarães de “Quanto Tempo o Tempo Tem” (2015) fazem uma adaptação bem enxuta do livro para o cinema.
“Berenice Procura” tem uma excelente fotografia assinada por Azul Serra e atuações fortes interpretadas por Claudia Abreu e Eduardo Moscovis, além de assuntos que, hoje, estão em voga, como a transfobia, a descoberta da sexualidade considerada desviante, os casamentos de fachada e afins que serve como personagens conceituais para levar para as conversas assuntos evitados no cotidiano. Tudo isso sem lições moralistas ou criação de juízo de valor. O longa é para quem curte o bom cinema nacional e o desmascaramento da hipocrisia. Vale o quanto pesa.
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