Blade Runner 2049

Blade Runner 2049

Por | 2018-06-17T00:59:53-03:00 8 de outubro de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Blade Runner 2049 (Ficção-Científica/thriller); Elenco: Harrison Ford, Ryan Gosling, Robin Wright, Ana de Armas, Jared Leto; Direção: Denis Villeneuve; USA/Reino Unido/Canadá, 2017. 163 Min.

“Blade Runner 2049″é um dos filmes mais esperados do ano. Uma responsabilidade e tanto para Denis Villeneuve. Pretendendo ser a continuação de “Blade Runner: O Caçador de Andróides” (1982) o longa faz bonito em explicar o que aconteceu com Rick Deckard (Harrison Ford) e fazer disso o chão para contar uma história inteligente e profunda com a mesma aura do primeiro longa, porém, sem muita ação.

O contexto do filme é a Califórnia de 2049. 30 anos depois do caçador de Andróides Deckard fugir com replicante Rachael (Sean Young). Dessa história de amor nasceu um ser híbrido, metade humano metade replicante – o chamado milagre  – e o agente K (Ryan Gosling), que trabalha como caçador de andróides da geração antiga – os desobedientes – no meio do caminho se depara com essa história e decide procurar por essa criança com o aval de sua chefe Lieutenant Joshi (Robin Wright). Esse é o argumento para uma história cheia de nuances que aborda solidão, mistura de espécies – replicantes e hologramas/ humanos e replicantes – a necessidade de amor, a necessidade de ser importante para alguém, a necessidade de ser único (original). A hipótese de se criar uma terceira espécie abarca o movimento da vida num tempo em que não existem fronteiras, e o poder do amor. Sim, o filme é filosófico. Quem procurar ação em demasia – como estamos acostumados em outras obras – e altas tatibilidades não vai encontrar.

O longa metragem dirigido por Villeneuve de “A Chegada”(2016) e “Sicário” (2015) é profundo em relação a abordagem dos temas que traz à baila. Produzido por Ridley Scott, que dirigiu o primeiro filme ele tem as bençãos do mesmo roteirista: Hampton Fancher e continua sendo uma história baseada no livro: “Do Androides Dream of Eletric Sheep?” de Philip K. Dick mas com inserções temporais bastante procedentes.

Para os que gostaram da abordagem temática do filme de 1982 essa nova é um bom caldo para pensar questões futuristas das relações humanas e que, possivelmente, façam uma ponte com um terceiro longa. Só faltou o Vangelis para fomentar uma passeio no tempo com seu tema clássico. Não que Hans Zimmer e Benjamim Wallfisch não tivesse feito um bom trabalho, pelo contrário, eles mantiveram a atmosfera do primeiro longa metragem de forma magistral, mas faltou o tema original. Já para a nova geração de humanos, cujos filmes de ficção-científica são genéricos de “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, o longa vai decepcionar. A opção de Ridley Scott, Denis Villeneuve e Hampton Fancher foi a de fazer um hiato explicativo importante e coerente. Resta saber se comercialmente foi inteligente. A decisão deu escopo ao filme, resta saber se vai dar bilheteria.

Nessa linha de raciocínio de decisões que são importantes para manter viva uma obra para além do tempo de exibição no circuito e dar preferência à bilheteria  podemos comparar com o “Quarteto Fantástico” (2015) de Josh Trank em que, com tantos aspectos filosóficos poderosos para abordar (por exemplo: o uso dos heróis como arma de guerra e a vocação da humanidade para a destruição, levantados pela mulher invisível e por Dr. Doom, respectivamente) optou-se pela ação vazia, porque é essa a expectativa do público alvo; e acabou sendo um retumbante fracasso. No caso de “Blade Runner 2049” foi coerente a decisão de manter o nível subjetivo e profundo das questões. Porque ao logo do tempo a conexão e a harmonia entre a primeira obra e essa será percebida dando a ela outro valor.

Em suma, já está em cartaz e o grande juiz será o público. O filme é bom e altamente recomendável para a galera que assistiu “Blade Runner: O Caçador de Andróides” de 1982. Aí sim, vocês vão entender do que falo. Boa Sessão!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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