Cães Selvagens

Cães Selvagens

Por | 2018-06-17T00:50:53-03:00 12 de abril de 2017|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Cães Selvagens (Dog Eat Dog) (Crime/Drama/Thriller); Elenco: Nicolas Cage, Willem Dafoe, Christopher Matthew Cook; Direção: Paul Schrader; USA, 2016. 93 Min.

Roteirista de “Taxi Drive” (1976) e “Touro Indomável” (1980), Paul Schrader ataca de analista de personalidades desviantes, versando sobre o conceito de amizade no contexto do crime ‘desorganizado’ gerando risos e espanto, tudo ao mesmo tempo.

Três amigos completamente amorais, cujo vínculo se deu pelo violência e redução de pena no sistema prisional (gerando conexões por dívida) se juntam para tentar sobreviver e montam uma quadrilha para cometer pequenos delitos. O primeiro é Mad Dog (Willem Dafoe), um indivíduo sem nenhum controle ou senso moral. O segundo é Diesel (Christopher Matthew Cook), um cara fechadão que tem alguns parâmetros comportamentais dos quais não abre mão. Mas é psicótico. O terceiro é Troy (Nicolas Cage), o mais perto do que se poderia chamar de ‘normal’, portanto, o líder. Mas, quando liga no modo automático, não tem freios. Essa trinca vai lidar com situações cotidianas no mundo do crime e seus equívocos. Tudo isso numa obra em que Schrader usa takes de ação no estilo Luc Besson e outros de cunho reflexivo e lisérgicos à la David Lynch. Os referenciais são vários, mas destaco três: “Trainsnpotting” (1996), “Estrada Perdida” (1997) e “Dog Eat Dog” (2008) de Carlos Moreno.

Paul Schrader diretor de “gigolô Americano” (1980) mistura aspectos opostos como: realidade/fantasia; violência/compaixão; solidariedade/traição numa história bem bipolar que habita o limbo da lógica. A história é baseada no livro de Edward Bunker (1933-2005). Contando  com a participação de Willem Dafoe de “Pasolini ” (2017) o longa contém variantes muito loucas de abordagem comportamental. Lembra um pouco “Vício Inerente” (2014). As tecnicalidades como fotografia e roteiro ficaram com os iniciantes Alexander Dynan e Matthew Wilder. E a música com o comercial Deantoni Parks de “Plano B” (2010) que mandou muito bem. E ainda tem Nicolas Cage (para quem é fã). Paul Schrader aparece como a personagem El Greco.

Em suma, não é uma obra-prima mas é divertido e faz pensar. Quem disse que o lastro da existência é o nosso? Com bastante violência e alguma graça e por vezes, uma exígua compaixão “Cães Selvagens” brinca com os temas: psicopatia, sociopatia e esquizofrenia, enfim, com o dissonante. Com isso a classificação indicativa subiu para 16 anos. Para quem gosta da ‘vibe’ é uma boa pedida.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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