Certo Agora, Errado Antes (ji-geum-eun-mat-go-geu-ddae-neun-teul-li-da) (Drama); Elenco: Jeong Jae-Yeong, Kim Min-Hee; Direção: Hong Sang-Soo; Coréia do Sul, 2015. 121 Min.
O premiado e cultuado diretor e roteirista sul coreano Hong Sang-Soo, que tem como caracterizadores de suas obras a originalidade em destrinchar aspectos das relações humanas, está em cartaz com mais um de seus filmes. Desta vez é “Certo Agora, Errado Antes” em que disserta sobre os diferentes possibilidades de abordagem na relação entre um homem e uma mulher. A obra é sobre o estar com as pessoas, sobre as expectativas e os vernizes sociais impostos, desconstruindo-os.
Um diretor de cinema Ham Chee-Soo (Jeong Jae-Yeong) vai para a cidade de Swon apresentar um de seus filmes e participar de um debate após a exibição. Lá conhece Yoon Hee-Jeong (Kim Min-Hee) uma pintora jovem, com quem inicia um flerte e por quem se apaixona. O longa-metragem registra duas versões das possibilidades desse encontro. Em que as diferenças se dão pelo lugar de onde se vê (literalmente, de onde a câmera é posta) e pela abordagem e encaminhamento dos assuntos, que estão diretamente ligados ao nível de sinceridade para com os outros e para consigo mesmo, em relação ao que se quer do outro e como se quer ser visto pelo outro. Hong Sang-Soo escreve e dirige uma história que em seu bojo traz um pouco da cultura sul coreana dos silêncios, dos costumes, no trato social; e as desconstruções propostas por artistas em seu modo de ver a vida e atuar nela, e ainda, nos mostra a interseção do humano, independente da cultura. Aquilo que temos em comum e o lugar onde todos nós somos iguais através dos signos de encantamento e desencantamento.
Colecionador de prêmios como o Dragão Azul do Festival da Coréia do Sul e figurinha carimbada nos festival de Cannes, Berlim, Locarno e Rotterdam, Hong Sang-Soo não se destaca pela comercialidade de suas obras e sim pela alta subjetividade e originalidade na abordagem de seus temas. “Certo Agora Errado Antes” abocanhou os prêmios de melhor filme nos festivais de Gijón (Grande Prêmio Asturias); de Locarno ( Leopardo de Ouro e menção especial do Juri ecumênico), dentre outros prêmios.
Quanto as tecnicalidades o roteiro e sua abordagem falam mais alto. É uma bela e lenta história sobre como nos deixamos no outro. Sobre em que medida nos tornamos marcantes e de que forma entramos na vida de alguém. Sem contar que é muito gostosa forma com que Hong cria os laços de comunicação entre Ham e Yoon. Não tem quem não se identifique, em algum momento, com os pequenos elos que fazem surgir o amor. O longa se destina a um público que goste de gente e da vida com sua lentidão, simplicidade e grandeza poética. É um filme singelo e simples, e por tal, genial.
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