Chatô, o Rei do Brasil

>>Chatô, o Rei do Brasil

Chatô, o Rei do Brasil

Por | 2015-11-21T23:17:59-03:00 21 de novembro de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Chatô, o Rei do Brasil (Drama/Biografia); Elenco: Marco Ricca, Andréa Beltrão, Paulo Betti, Letícia Sabatella, Leandra leal, Gabriel Braga Nunes, José Lewgoy, Walmor Chagas, Zezé Polessa, Ricardo Blat; Direção: Guilherme Fontes; Brasil, 2015. 102 Min.

Baseado no livro homônimo de Fernando Morais, Guilherme Fontes conta a história de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, paraibano, advogado, professor de direito, jornalista, empresário, mecenas, político, 4º ocupante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras e afamado como um dos maiores calhordas da História do Brasil. O longa “Chatô, o Rei do Brasil” faz uma radiografia dessa personalidade controversa. Mais da controvérsia do que da personalidade.

cartaz-oficial-de-chato---o-rei-do-brasil-1447242421676_672x960

A partir da trombose sofrida por Assis Chateaubriand em 1960, Guilhermes Fontes monta um palco de memórias através de uma viagem onírica, em que, um tribunal do juízo final julga os atos de Chatô, que em delírio, lembra de seus momentos prodigiosos, desmandos e autoritarismos sem o menor remorso. E mostra também a genialidade de percepção desse paraibano, tanto a humana quanto a contextual, e costura com o talento especial de Chatô para manipulações e enredamentos, em forma de chanchada.

4204291692-chato-o-rei-do-brasil

Artisticamente, o longa parece uma locomotiva desenfreada que aborda de forma não linear, fragmentada, truncada, feito um quebra-cabeças a ser montado mentalmente pelo espectador, a vida do homem que faz parte da História das comunicações no Brasil.  Com atuações espetaculares como a de Marco Ricca (Chatô) e Andrea Beltrão (Vivi), salvo a persona de Getúlio Vargas (Paulo Betti) que deixa bastante a desejar, o longa cumpre a função de montar a caricatura do homem mais poderoso das décadas de 40 a 60 do século XX. A fotografia de José Roberto Eliezer de “O Cheiro do Ralo” (2006) é sugestiva quando faz o paradoxo da coroação da rainha da Inglaterra em 1953 e sua corte nobre (cenas de arquivo), borrada, desfocada, em preto e branco, com o  plebeu Chatô, (que estava no cerimonial) com imagens límpidas e brilhantes. Só isso já diz metaforicamente o que nos espera. A edição de Felipe Lacerda de “Central do Brasil” (1998) é outro aspecto digno de atenção, é ela quem faz a dança do tempo e a da viagem entre delírio e realidade.

filme-chatô-o-rei-do-brasil-sinpse-

Guilherme Fontes, através de “Chatô, o Rei do Brasil” faz uma reconstituição crítica, caricata e procedente da história da imprensa no país. Indo ao cerne da questão, que é a da manipulação midiática, com pseudônimo de ‘formação de opinião’; da guerra de retóricas com a ironia e o sarcasmo de Chatô, muito bem desenhados; e das relações do poder político com a imprensa – a cena do encontro das duas raposas: Getúlio Vargas e Chatô é impagável – Tudo isso brincando através das lembranças espúrias do Chatô fictício e dando ao juízo final ares de programa do Chacrinha.

tumblr_inline_ny2w36VyJ21smwd90_500

“Chatô, O Rei do Brasil” é uma ode ao ser humano com tudo o que ele tem debaixo do manto da hipocrisia. É um descortinar do que temos de mais vil, escondido atrás do poder, das importâncias e dos títulos. Como dizia Chaplin: “…brincando se diz muitas verdades…”. Gulherme Fontes provou que pode até não ser bom administrador, mas que tem tino para direção, lá isso tem. Altamente recomendável!

guilherme-fontes-chato-filme

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

Deixar Um Comentário