Cidadãoquatro

Cidadãoquatro

Por | 2015-04-12T04:01:55-03:00 12 de abril de 2015|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Cidadãoquatro (Citizenfour). (Documentário); Elenco: Edward Snowden, Glenn Greenwald; Direção: Laura Poitras; Alemanha/USA/Reino Unido, 2014. 114 Min. #Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade.

Na ficção nunca foi novidade o desenvolvimento artificial de  superpoderes que extrapolam as capacidades humanas e desrespeitam a privacidade de indivíduos, grupos ou de sociedades inteiras, sempre em nome de um ideal nobre e que preconiza o bem da humanidade. Em “Batman – O Cavaleiro das Trevas” (2008) os celulares se tornaram sonares captadores de todas as conversas dos cidadãos de Gotham, mesmo desligados; em “A Conversação” um agente da CIA, especialista em grampos, desenvolve paranoia por conta da invasão de privacidade institucionalizada pelos serviços de inteligência; em “1984” o controle era total e a vigilância, absoluta. Uma louvação ao desejo secreto de sermos conhecedores de todas as coisas e de controlarmos tudo. Em “Citizenfour” de Laura Poitras, a única coisa que não temos é a ficção.

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O documentário em questão é um registro dos contatos de Edward Snowden, das descrições dos acontecimentos,  e a documentação de um dos maiores escândalos de espionagem internacional  pela Agencia Nacional de Segurança (NSA) dos EUA. O longa-metragem nos revela os  processos de conversas e denuncias, tendo como suporte, os maiores e mais poderosos jornais do mundo: The Guardian, Der Spieger, New York Times, dentre outros e a CNN, como divulgadora de massa, de todo o sistema ilícito. O início de tudo se deu quando Laura trabalhava num documentário sobre vigilância e monitoramento, em janeiro de 2013, e foi procurada por Edward via Web. Edward Snowden , um analista de sistemas, ex-funcionário da CIA e da NSA descreveu com provas documentais, um sistema de espionagem mundial. A partir daí entrou no grupo o jornalista Glenn Greenwald, na época, do The Guardian e os encontros foram se dando em Hong Kong. A película mostra as conversas, as reportagens, a tensão e o princípio de paranoia. E nos lembra o documentário do Julian Assange ( que também aparece no longa)”Wikileaks: Segredos e mentiras”. Lembrando que Snowden também foi fonte de Assange. Outra referência bem pontual é “Google: O Cérebro do mundo” que versa acerca do controle sobre o conhecimento, o acesso,  a produção e uma suposta espionagem  sobre a pesquisa online.

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Laura Poitras tem em “Citizenfour” o fechamento de sua trilogia sobre a América após o atentado de 11/09/2001, composta de, “My Country, My Country” (2006) que versa sobre a guerra do Iraque, e “The Oath” (2010) que é sobre Guantânamo e a guerra ao terror. Ganhador do Oscar 2015, do prêmio da Associação Internacional de Documentários,do BAFTA 2015, do American Cinema Editor, do Independent Spirit Awards, dos prêmios dos círculos de críticos do Canadá, USA e Inglaterra e do Directors guild of América,  “Citizenfour” nos remete aos tempos em que o cinema também era veículo de notícias antes da exibição dos filmes. E traz de volta aquele ar de cinejornalismo da primeira metade do século XX. O cunho Jornalístico do longa levou um Oscar por bravura e idealismo.

Film Independent Presents Special Screening And Q&A For "Citizenfour"

O que é aterrador em “Citizenfour” – essa produção política de Steven Soderbergh – não é o  esquema para se dominar o mundo, pois desde Alexandre – o grande  sabe-se que o ser humano tem essas pretensões absolutistas, é perceber que  ficção é a privacidade. Assustador e corajoso!

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#Festival Internacional de Documentários – Mostra Informativa: Projeções especiais.

Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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