Cinema Novo (Documentário); participações: Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Ruy Guerra, Paulo Cesar Saraceni, Cacá Diegues; Direção: Erik Rocha; Brasil, 2016. 90 Min.
Erik Rocha é a prova de que talento é genético e reside metafisicamente nos cromossosmos. Filho de Glauber Rocha, um dos precursores do movimento brasileiro de renovação do cinema chamado de cinema novo e da artista plástica e também cineasta Paula Gaitán, que esteve em cartaz a pouco com “Exilados do Vulcão”, o diretor do premiado “Campo de Jogo” (2015), entra em cartaz no circuito com seu mais novo documentário “Cinema Novo”. Uma homenagem metalinguística ao movimento que mudou o cinema nacional, iniciado na década de 50. O longa-metragem teve sua estréia mundial no Festival de Cannes onde abocanhou o prêmio Olho de Ouro de melhor documentário.
O longa faz um registro competente com uma edição magistral do movimento de cineastas que postulava um cinema mais realista, mais a cara do Brasil, com conteúdo político e de baixo custo, no sentido oposto às grandes produções da Vera Cruz e às alienações das chanchadas. Buscando levar para o grande público as raízes e os problemas brasileiros os cineastas do movimento Cinema Novo mudaram a maneira de fazer cinema no país, vindo logo em seguida, o movimento do cinema marginal.
O que Eryk nos apresenta é em pout pourri de trechos de filmes que fazem parte dessa época e entrevistas com aqueles cineastas naquela época sobre o movimento, sua essência, seus objetivos. Mostra as reuniões, as filmagens e todo um por detrás das câmeras com imagens de arquivo. “Cinema Novo” quebra o formato de documentário a que estamos acostumados, com entrevistas/depoimentos e explicações num estilo de memória, com remetencias ao passado e com um direcionamento de raciocínio. “Cinema Novo” mostra o produto do movimento e seu processo. Dos trechos de filmes, podemos destacar: “Rio, 40 Graus” (1955); “Vidas Secas” (1963); “Os Fuzis” (1963); “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964); “Terra em Transe” (1967); “Macunaíma “(1969) e outros. Nas entrevistas da época, nas cenas de reuniões e nas filmagens estão: Glauber Rocha, Cacá Diegues, Leon Hirszman, Rogério Sganzerla, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Paulo César Saraceni e outros. Um verdadeiro compêndio de memória histórica.
O destaque sem dúvida alguma vai para a edição de Renato Valone de “Campo de Jogo”, que é uma síntese da arte cinematográfica como agente contador de histórias, com um recorte e uma colagem muito bem feita. “Cinema Novo” é um resumo de um período da História do cinema brasileiro usando seu potencial maior, a edição. É uma obra primorosa e como tal deve ser vista e ovacionada. “Cinema Novo” é para ser reverenciado.
Estréia: 03/10/2016
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