Colectiv – uma lição de jornalismo

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Colectiv – uma lição de jornalismo

Por | 2020-09-26T20:41:01-03:00 23 de setembro de 2020|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Colectiv (Collectiv) (Documentário): direção: Alexander Nanau; Romênia/Luxemburgo, 109 Min. #ETudoVerdade2020

Alexander Nanau é um documentarista romeno radicado na Alemanha, que tem no currículo vários prêmios trazendo para tela assuntos que ninguém quer falar. Sobre filhos de presidiárias em “Toto si surolile liu” (2014) ; sobre a vida difícil que passava Ion Barladeanu, artista romeno importante, em “Lumea Vãzutã de Ion B.” (2009). Agora é a vez de falar sobre as consequências da corrupção romena na área da saúde, a partir do atendimento de queimados de um incêndio de uma Boate em 2015, a Collectiv. O título da obra metáfora ‘trocadilhesca’ do nome da boate com o princípio da política é simples, discreto e genial. O longa, ainda, dá um show de jornalismo investigativo.

Acompanhando o repórter investigativo Catalin Tolontan, editor-chefe da Gazeta dos esportes do cidade, a equipe de Nanau registra os passos da descoberta do porque o número de mortos do incêndio da boate é maior nos hospitais do que no próprio evento. E traz à tona todo um conluio de corrupção que passa por superfaturamentos de desinfetante até a alteração da diluição do mesmo fazendo com que anulasse o efeito bactericida nos Centros de terapia Intensiva. A partir desse fio se puxam outros que vão desde subornos de médicos para irem para setores que pagavam mais a credenciamentos fraudulentos de hospitais.

O resultado de tudo isso é um painel competente na abordagem dos argumento escolhido. Um documentário que mostra a sordidez humana e um retrato da dor causada a contribuintes e vítimas de fatalidades por agentes de corrupção dentro da área de saúde daquele país. “Colectiv” fecha redondinho quando inicia com o embate das vítimas buscando por justiça, passa por todas as instâncias de poder discutindo a questão, as reportagens que denunciam o escândalo e fecha com duas dores particulares, desenhando a impotência de um coletivo diante do poder instituído.

“Collective” ( no original) concorre na categoria de longas internacionais no Festival “É Tudo Verdade 2020” e é páreo duro. Abocanhou, lá fora, os prêmios: melhor filme internacional no DocAviv Film Festival; o Truth Award no Dokufest; o prêmio internacional do Juri no La Roche-Sur-Yon International Film Festival; o prêmio documentário no Luxemburgo Film Festival; o Ulisses Award no Montpellier Mediterrâneo Fim Festival; Grande Prêmio do Juri no One World International Human Rights Documentáry Film Festival; Prêmio Especial do Juri no Sofia International Fim Festival; melhor filme no Transilvânia International Film Festival; Prêmio D. Quixote no Tronso Film Festival e O Olho de Ouro no festival de filmes de Zurich.

O longa é show de bom jornalismo e nos faz lembrar da ficção baseado em fatos reais “Spotlight” (2015), com o adendo que dessa vez é tudo verdade.

O documentário será exibido dia 25/09 as 18:00hs no http://www.etudoverdade.com.br

  • Filme em competição na mostra de longas internacionais do Festival “É Tudo Verdade” 2020. Assistido na cabine do Festival em 22/09/2020

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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