Como Eu Era Antes de Você

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Como Eu Era Antes de Você

Por | 2018-06-17T00:29:10-03:00 24 de junho de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Como Eu Era Antes de Você (Me Before You) (Drama/Romance); Elenco: Emilia Clarke. Sam Claflin, Janet Mcteer, Charles Dance; Direção: Thea Sharrock; Reino Unido, 2016. 110 Min.

A comédia romântica inglesa dirigida pela estreante em longa-metragens Thea Sharrock, aborda o amor à vida e as suas potencialidades. Baseado no romance homônimo de Jojo Moyes a história é atravessada pelo afeto, mais do que pelo amor carnal, e tem como contexto a eutanásia. “Como Eu Era Antes de Você” faz um excelente trabalho no fomento à discussão de uma questão polêmica e que move discussões acaloradas. Tudo isso costurado pelo viés da alegria, por incrível que possa parecer.

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Will Traynor (Sam Claflin) é um empresário bem sucedido, jovem , desportista e cheio de vida. No auge de sua carreira Will sofre um acidente de trânsito e fica tetraplégico. Durante dois anos é assistido pela família e especialistas (fisioterapeutas e cuidadores profissionais), quando decide pela eutanásia e dá um prazo de seis meses para que os pais aceitem e respeitem o seu direito de decidir sobre sua vida. Diante da nova realidade, sua mãe Camila (Janet Mcterr) e seu pai Stephen (Charles Dance) contratam Lou Clark (Emilia Clarke) uma cuidadora sem nenhum preparo, mas com alegria para dar e vender, desprovida de dissimulações, atrapalhada e sem noção, na intenção de que ela consiga demover Will de seu intento. É nesse contexto que a história começa para valer, e o que se vê são imagetizações inteligentes e cenas, em sua maioria, desprovidas de dramalhões toscos, mas cheias de graça, num filme de romance cheio de afeto e cuidado que tem como uma de suas variantes a reflexão sobre o conceito de vida.

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Jojo Moyes, autora do livro e roteirista do filme, juntamente com Thea Sharrock, na direção fazem da adaptação cinematográfica um passeio pelos conceitos de felicidade, alegria e contemplação . Desmistificam a vida como uma saga passiva e usam isso como fundamento para argumentar sobre o direito de morrer. “Como Eu Era Antes de Você” veste a capa de romance meloso e açucarado, mas é muito mais do que isso. É um palco muito bem aproveitado para trazer à baila, num suporte do alcance do cinema, o tema da eutanásia. E o faz com propriedade, sem apelações e de forma leve e coerente. Omitir esse grande mote do roteiro na análise desse filme seria privar espectadores que não curtem  o gênero comédia romântica e que, possivelmente, não pagariam uma entrada de cinema para ver um filme desse estilo, da oportunidade de abrir uma exceção e refletir competentemente sobre a questão, que é polêmica,  bastante atual, de suma importância e que move debates sérios em fóruns específicos (ciência e religião) mundo afora,  e também discussões em todas as sociedades do planeta.

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O poder do cinema ainda é muito subestimado. A indústria é tratada como se fosse somente entretenimento, mas a própria História do cinema nos mostra o contrário, em alguns lugares, Rússia, por exemplo, o cinema surgiu como potência revolucionária. Quando categorizamos os filmes em gêneros (comédia, romance, terror, ficção científica, aventura etc.) estamos enfatizando o aspecto mais preponderante da obra. Fecha-lo nessa caixinha é reduzir a potência do cinema com suas conexões diversas, suas abordagens que abarcam várias áreas do conhecimento humano a uma classificação. E sabemos que mesmo na narrativa da história contada  há a extrapolação desse lugar de definição de estilo. Quem vir “Como Eu Era Antes de Você” estará diante de um filme alegre, que fala de vida, que redefine esse conceito de uma forma muito especial e delicada, abordando o amor de alma, a conexão entre seres humanos pelo afeto, e desconstruindo o conceito de vida como algo sagrado e que a nós não cabe interferência.

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Os outros aspectos cinematográficos, que juntos, ajudam a contar essa história são a fotografia vívida e límpida de Remi Adefarasin de “Elizabeth” (1998), a trilha sonora de  Craig Armstrong de “O Grande Gatsby” (2014), e o figurino  de Jill Taylor de “Sete Dias com Marilyn” (2011), que veste Emilia Clarke, que é uma verdadeira metaforização da alegria e originalidade, no melhor estilo ‘tô nem aí’. Por tudo isso esse blockbuster inglês levou o prêmio Truly Moving Picture do festival Heartland film 2016.

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Com gargalhadas garantidas e emoção também “Me Before You” (no original) traz como brinde extra fazer pensar. Numa palavra? Perspicaz.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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