Creed: Nascido Para Lutar

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Creed: Nascido Para Lutar

Por | 2016-01-19T22:35:12-03:00 19 de janeiro de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Creed: Nascido Para Lutar (Creed). (Drma/Esporte); Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Tony Bellew; Direção: Ryan Coogler; USA, 2015. 133 Min.

Passados quarenta anos do primeiro filme da franquia Rocky Balboa, a personagem está de volta numa história que tem o mesmo argumento de “Rocky: O Lutador” (1976), mas com um tempero novo, com metáforas bem construídas, além de ser mais um filme hollywoodiano sobre boxe. Que o digam “Touro Indomável” (1980); “Menina de Ouro” (2004) e “Nocaute” (2015). Se no usual o esporte é uma via de resgate social, em “Creed” (no original) ele é um caminho para  criação de identidade e de consolidação de um legado.

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Adonis Johnson (Michael B. Jordan) é o filho bastardo de Apollo Creed (Carl Weathers), amigo e oponente de Rocky Balboa (Sylvester Stallone), e que morrera em decorrência de uma luta, antes de Adonis nascer. Adotado oficialmente pela mulher de Apollo, Adonis teve uma vida confortável e boa formação. Mas vai em busca de  sua identificação de vida e satisfação profissional no boxe, lutando clandestinamente. Até que decide procurar Rocky  para pedir que seja seu treinador. Já velho e distante dos ringues Rocky resiste até que vê em Adonis uma promessa. A História se dá passando pelos mesmos lugares e academias de luta de Creed e Balboa, e é a lapidação do legado desse, com a possibilidade de se continuar a franquia comercial, com a criação do legado de Creed.

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O roteiro de Ryan Coogler, Aaron Covington e Sylvester Stallone é bem amarrado e coerente com os valores de Balboa. O mote da história é a aceitação das limitações físicas naturais em função do envelhecimento,  e fomento às gerações futuras, como também acontece em “Mercenários 3” (2014) cujo roteiro também é assinado por Stallone. A maneira serena com a qual Balboa diz: “Isto eu já não posso mais fazer”… e a forma com a qual se imagetiza e se metaforiza, em paralelo, o treinamento para luta de Creed com a luta pela vida que  Rocky começa a empreender, são os pontos fortes do roteiro. Mas os momentos arrebatadores ficam por conta da luta entre ‘Creed’ Adonis Johnson e ‘Pretty’ Ricky Conlan (Tony Bellew) com uma direção de arte impecável, a atuação digna de aplausos de Michael B. Jordan e uma trilha sonora que tira o espectador do chão.

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Apesar de ser o segundo longa-metragem de Ryan Coogler, o primeiro foi o premiado “Fruitvale Station: A Última Parada” (2013), a obra está bem no conjunto. A edição de Michael P. Shawver e Claudia Castello mandou bem.  A direção de arte de Danny Brown de “O Voo” (2012) traz o clima de rua da Philadelphia. A trilha sonora do sueco Ludwig Göransson de “Fruitvale Station” (2013) mistura as músicas das ruas e as composições que enlevam a tatibilidade de forma competente, e tem ainda a fotografia da Maryse Alberti, indicada ao Primetime Emmy por “All Aboard! Rosie’s Family Cruise” (2006).

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Seja porque  consolida Rocky Balboa como mais um personagem que vai para o panteão dos Deuses de Hollywood, seja pela qualidade de atuações, o longa foi indicado ao Oscar na categoria ator coadjuvante para Sylvester Stallone, embora Michael B. Jordan também o tenha merecido e não o foi. “Creed: Nascido Para Lutar” já abocanhou prêmios das associações de críticos por quase todos os Estados Unidos (Boston, Geórgia, LasVegas, Los Angeles, Phoenix, St. Louis, Utah); Melhor filme, melhor ator principal para Michael B. Jordan, melhor atriz coadjuvante para Tessa Thompson no Black Critics Awards; e melhor diretor para Ryan Coogler, melhor atriz e melhor ator pela Associação de Críticos Afro-americanos.

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Se para classificarmos um filme como bom, além de atender harmonicamente aos aspectos cinematográficos, incluir ele conseguir tirar o espectador de sua realidade e inseri-lo naquela apresentada, “Creed” é muito bom. Nele não há a necessidade de argumentos filosóficos estratosféricos, ou o uso de tecnologia imagética, ou ainda, artimanhas narrativas inusitadas, ele é fiel ao viés de sua abordagem desde 1976. E isso já está de bom tamanho. “Creed: Nascido Para Lutar” é o feijão com arroz de cada dia muito bem temperado. Altamente recomendável!

 Ryan Coogler (diretor) e Maryse Alberty (cinematografista).

Ryan Coogler (diretor) e Maryse Alberty (cinematografista).

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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