De Amor e Trevas

De Amor e Trevas

Por | 2018-06-17T00:24:40-03:00 12 de maio de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

De Amor e trevas (A Tale of Love and Darkness) (Biografia/Drama/História); Elenco: Natalie Portman, Gilad Kahana, Amir Tessler; Direção: Natalie Portman; Israel, 2015. 95 Min.

Uma poesia lúgubre metaforizando a dor de uma nação na dor de uma mãe e seus sonhos a partir das memórias do filho. Assim é “De Amor e Trevas” um filme israelense ambientado no final da Segunda Guerra (1945-1949) dirigido por Natalie Portman e versado em hebraico.

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A história é sobre o cotidiano de uma família de judeus: Arieh Oz (Gilad Kahana), Fania Oz (Natalie Portaman) e Amos Oz (Amir Tessler), que lutam para se estabelecer depois da Segunda Guerra. E a relação de Amos Oz com sua mãe Fania, a partir de suas memórias de  menino com as redes de significações de um adulto que olha para trás, discerne e vagueia.

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“De Amor e Trevas” é uma ode à cultura israelense a partir da língua hebraica: a etimologia, a semântica, a literatura e a narrativa oral; finalizando com a consolidação ou estabelecimento do Estado Israel em 1948. Em “Um Conto de Amor e Trevas” – em tradução livre – tem-se um painel do nascimento de um país a partir do indivíduo, através da metáfora da dor de Fania por seus sonhos perdidos e o preço de sua esperança. “A Tale of Love and Darkness” é uma poesia imagética lúgubre e pesada que metaforiza a constituição da nação judia através do olhar meticuloso, da cuidadosa adaptação e do viés dado ao roteiro por uma filha da terra. Tudo isso a partir das memórias de Amos Oz, 70 anos depois, em seu livro homônimo, sobre sua mãe e seus sonhos. No Brasil, publicado pela Companhia das Letras

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Natalie Portman é uma profissional competente: atriz, roteirista, compositora e agora diretora. Oscarizada por “O Cisne Negro” (2010), é conhecida por tantos outros papeis no cinema, dentre eles a rainha Amidala/Padmé de Star Wars. Israelense de Jerusalém, Natalie optou por atores locais, pouco conhecidos do grande público, para compor o elenco. Usou e abusou da fotografia pesada de Slawomir Idziak de “A Liberdade é Azul” (1993) e da trilha sonora agonizante de Nicholas Britell de “A Grande Aposta” (2015). Mas, é na história oral que Natalie firma seu viés de roteiro. Que também foi adaptado e escrito por ela. No que Deu? A indicação ao Câmera de Ouro de Cannes 2015 e ao prêmio Cinema pela Paz 2016.

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Em suma, “De Amor e Trevas” mistura História, poesia, literatura, cultura judaica e muitas metáforas imagéticas. Além de ser todo falado em hebraico, o que confere factualidade à história, embora sejam lembranças eivadas de subjetividades. O longa-metragem é uma cuidadosa e bela adaptação das memórias do menino Amos e uma amostra da capacidade de trabalho dessa diretora estreante. Vaticinando: artigo de fino trato.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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