De canção em Canção (Song to Song) (Drama/Romance); Elenco: Michael Fassbender, Ryan Gosling, Rooney Mara, Nathalie Portman; Direção: Terrence Malick, EUA, 2017. 129 Min.
Terrence Malick é um filósofo e cineasta americano conhecido pelos filmes “A Árvore da Vida” (2011) e “Voyage of Time: Life’s Journey” (2016). Com um pegada filosófico/existencialista, seus filmes possuem uma subjetividade e sutilidade poéticas que arrebatam a alma e nos fazem pensar o quanto ele consegue transmitir aspectos são intrínsecos numa linguagem tão aberta quanto a imagética. Que o diga “Voyage of time” em que, numa prece ele faz um passeio pelo planeta vivo no qual habitamos. Em “De Canção em Canção” a linha subjetiva não muda, é a vida em se fazendo, acontecendo com todos os seus paradoxos, mas, o viés é a energia que habita em nós e suas conexões num contexto de musicalidade.
Tendo o Texas como lugar de tessitura de suas redes de signifcações, Malick faz um passeios competente pelos festivais de musica da cidade de Austin. O roteiro conta a história de dois casais: os compositores, Faye (Rooney Mara) e BV (Ryan Gosling) e o empresário musical Cok (Michael Fassbender) e a garçonete Rhonda (Nathalie Portman). O viés de abordagem é a energia que os conecta enquanto a vida acontece. Com muitos takes contemplativos e de olhares e silêncios que nos permitem vaguaear o olhar, Terrence Malick e o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki fazem uma trajetória de vida sem pontuar identidades, com poucos diálogos e num contexto sem amarras no que diz respeito a valores de uma época, num exercício de liberdade bastante incomuns.
O longa-metragem, ainda conta com as participações de músicos, como: Patti Smith, Antony Kiedes (Red Hot Chilli Peppers) Iggy Pop e Likke Li, dentre outros, sendo eles mesmos. Sobre a fotografia de Lubeski, o mesmo de “O Regresso” onde o uso da luz natural é simplesmente extraordinário; e de “Birdman” em que o pseudo plano-sequência deu o que falar; em “Song to Song” (no original) essa categoria também se destaca com takes belíssimos que fazem dela ( a fotografia) uma coadjuvante na história. Quanto as atuações, elas estão soberbas com um quarteto de tirar o fôlego. A trilha sonora barroca nos remete a uma viagem no tempo enquanto se digladia docemente com os acordes de Rock moderno dos festivais, numa costura que tem como tema o amor e o tratando como bálsamo da vida em sua energia e como a coisa mais bela no exercício da alma, e ainda, a mais selvagem no exercício dos corpos.
“De Canção em Canção” é um longa-metragem com selo de qualidade Terrence Malick e com cheiro de Win Wenders. Imperdível para os amantes da sétima arte.
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