De Onde Eu Te Vejo (Romance/Comédia); Elenco: Denise Fraga, Domingos Montagner, Marisa Orth, Manoela Aliperti; Direção: Luiz Villaça; Brasil, 2014. 90 Min.
Com história e direção de Luiz Villaça, roteiro também dele em conjunto com Rafael Gomes e Leonardo Moreira e concepção de Sérgio Roveri, “De Onde Eu Te Vejo” é um filme nacional co-produzido pela Warner que conta a história da separação de Ana Lúcia e Fábio, após vinte anos de casamento. Embalados pelo argumento do ‘devir’ da vida que se estende à cidade de São Paulo, à vida de seus habitantes, às profissões de ambos e ate à natureza, o longa é um romance bem humorado e realista.
Ana Lúcia (Denise Fraga) e Fábio (Domingos Montagner) foram casados por vinte anos e tiveram um filha, a Manoela (Manoela Aliperti), que está deixando o ninho para fazer faculdade fora da cidade. Após a separação Fábio vai viver num apartamento do prédio do outro da rua. Rotina nova, vida nova, a adaptação aos poucos vai se dando, não sem resistência, é claro. Mas, com muita reflexão sobre os processos de mudanças que estão por todos os lados no cotidiano. O argumento do longa metragem são as mudanças que a vida impõe a todos nós. A mudança de emprego, a readaptação a uma nova forma de trabalhar, a mudança de casa, a mudança da forma com a qual se está acostumado a ver a vida. A cidade de São Paulo também entra na conta quando os prédios mais velhos vão sendo demolidos e dão lugar aos prédios mais novos, aos condomínios modernos. E isso nos remete a “Medianeras” (2011) de Gustavo Taretto em que a cidade de Buenos Aires também atravessa a vida do casal protagonista com conexões metafóricas.
As atuações de Denise Fraga, conhecida pelas séries de um programa dominical da TV aberta; e Domingos Montagner, de “O Brado Retumbante”, são muito bem integradas, têm um time gostoso e competente e uma boa química. O diretor Luiz Villaça conhecido por “O Contador de Histórias” (2009) e pela série de TV “Central da periferia” (2006) orquestrou uma história simples, que era para ser triste, com muitas e boas conexões, misturadas aos cotidianos das pessoas, sem deixar a poesia de lado. A cereja do bolo é roteiro que faz da renovação arquitetônica de uma cidade, juntamente com a revisão do suporte de uma profissão e da separação de um casal para um novo começo, combustível para fazer pensar no devir da vida e no processo que nos faz sobreviver a tudo isso: a adaptação.
O filme faz da abordagem do cotidiano um caldo de possibilidades em que, qualquer um pode se identificar em algum momento, e refletir sobre a vida e seu movimento. “De Onde Eu Te Vejo” é um painel do movimento da vida em 24 frames por segundos. Engraçado e leve.
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